terça-feira, 30 de agosto de 2016

O CDS e a exigência

Já o venho dizendo e não tenho razões para deixar de o repetir. Gosto da Assunção Cristas. Aprecio o seu estilo e a sua liderança. Projecto nela uma enorme esperança para o CDS e, através do partido, para Portugal. E ao fim de quase 6 meses de liderança não tenho razões para refrear o meu entusiamo. Pelo contrário.
Não sou, todavia, nem nunca fui, um militante acrítico. Em boa verdade, nem sei como é que isso se faz.
Não tenho qualquer hesitação em dizer que não gostei da participação do CDS no congresso do MPLA (e menos gostei do entusiasmo e das tão insensatas quanto excitadas declarações do deputado Hélder Amaral).
Como também não gostei do convite à Maria de Lurdes Rodrigues para participar na Escola de Quadros do CDS. Não é por ser alguém do PS ou de fora do CDS. A legítima participação no debate de alguém como Maria de Lurdes Rodrigues – a quem não faltam, e bem, fóruns de participação cívica e política – não tem que ser patrocinada pelo CDS. Não cabe ao CDS reabilitar para o debate alguém que representa quase iconicamente e sem remorso a governação de José Sócrates.

Dito isto, também não aprecio especialmente o alarido público e nada inocente de críticos à direcção do partido com base nesses dois infelizes momentos. Prefiro, ainda assim, sublinhar o saudável despertar para a exigência perante o líder. Qualquer líder – seja ele Paulo Portas ou Assunção Cristas – é melhor líder se conviver com a exigência e o escrutínio dos militantes.

#Escritório

O álbum da minha vida (um dos)

Normalmente não me sinto seduzido pelas correntes de desafios que proliferam nas redes sociais. Ele é fotografias. Ele é listas daquilo e daqueloutro. Ele é abaixo-assinados. Com uns a desafiar outros até que se esfume a pujança do desafio (às vezes, passado algum tempo, os desafios regressam).
Tenho tido o condão de passar à margem. Em boa verdade, porque ninguém me desafia (não é protesto! que se há coisa em que não me importo de ser excluído é nesta dos desafios).

Bem, há dias apareceu o desafio do «álbum da tua vida» (como sempre, cheio de regras e regrinhas).

Decidi responder. Ou corresponder.  Saiu assim:


«Eu sei que as regras são as de não deixar explicação alguma. Mas eu não encontro o álbum da minha vida. Há vários. Para vários momentos. De várias fases.
Incoerente e permeável ao momento como sou, amanhã facilmente estaria aqui a retractar-me e a propor um álbum totalmente diferente.
Refugio-me, assim, naquele que talvez me tenha apanhado na fase mais frágil. Que me perseguiu nas festas da minha emancipação. E que, pela primeira vez, me levou ao estádio das Antas sem ser para ver o meu Porto.
E – já agora – é um tributo aos GNR. Para mim, «a banda» portuguesa.»

#Saladeestar

Rescaldo de Alvalade

1. Perdemos. Para a história fica que perdemos. E pouco interessa a história do jogo.
2. Entrámos bem. Marcámos bem. E depois entrou alguma habilidade. E alguma impunidade. Nem imagino o que diriam se se tivesse passado tudo ao contrário! As entradas e as mãos. Se fossem nossas...
3. Mas temos de ser superiores a tudo e não podemos quebrar! E quebrámos.
4. Dispenso bem a expulsão de treinadores. Dá capital de queixa e ainda serve para exibir sem pudor e em directo a fraude (uns minutos no banco e depois da bancada sempre a dar ordens).
5. Se tivéssemos ganho tinha pensado escrever "ganhámos 3 pontos". Detesto não poder escrevê-lo, mas não foram mais que 3 pontos.

#Saladejogos

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Mas qual sorte?

Desculpem, mas essa coisa da sorte é para quem vai lá uma vez de vez em quando. Nós, que nos sentámos naquele anfiteatro mais de 20 vezes, já passámos por tudo e sabemos bem que falar em sorte no sorteio é areia para os nossos olhos. Saiu-nos o campeão inglês, o campeão belga (país de onde têm emergido grandes jogadores nos últimos anos) e o campeão dinamarquês (cujo futebol me sugere sempre equipas combativas e difíceis).
O campeão inglês é o campeão inglês. O Leicester foi campeão porque foi melhor que muitos desses colossos que assustam os caloiros de sorteios.
Mas qual sorte?

#Saladejogos

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

As desgraças naturais

À margem, ou ao lado, das desgraças que nós próprios perpetramos ou que, em certa medida, provocamos – como os atentados, as guerras ou grande parte dos incêndios – aparecem, sem convite e sem aviso, as desgraças naturais. E quando essas desgraças naturais ocorrem em larga escala, disseminando o sofrimento e a dor, e ceivando vidas – muitas vidas – sou sempre sobressaltado pela inquietante constatação da nossa fragilidade neste mundo. Os terramotos (ou marmotos ou tsunamis) permitem-nos, ao menos, pensar sem ruído e sem censuras (porque não vale a pena procurar culpados ou bodes expiatórios) no nosso lugar neste mundo, em como a ausência de explicação nos conduz à incompletude. O «salto» que estes momentos me sugerem é o da fé, que tenho a graça de ter. É quase um impulso racional («não pode ser de outra maneira», penso). Mas penso também como será para quem não tem esse dom da fé. Se para qualquer «terreno» estes momentos são incompreensíveis e nos impelem à resistência e à revolta, é pela fé que encontro o consolo e a conformação possíveis. De outro modo custava-me mais aceitar a nossa fragilidade, a reiterada e experimentada precariedade da nossa existência, no fundo, esta condição que nos limita e expõe. Claro que vos fala alguém que tem fé. Mas imagino que a vida sem Deus e sem a esperança da Sua Justiça deve ser mais difícil.

Hoje penso naqueles que sofrem em Itália. Que sofrem pelos seus que partiram, pelos sofrimentos físicos que lhes foram infligidos, pelas privações e destruições brutais. E sem qualquer explicação possível.
Rezo por eles. E rezo para que tenham o dom da fé. O consolo possível da fé.


#Jardim

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Porto no lugar certo

1. Manchester. Bayern. Milan. Champions. Cresci a ganhar contra orçamentos e probabilidades. Não me contaram. Fui eu que vi.
2. O Porto é isto meus amigos. A novidade é que nos dias que correm sabe especialmente bem poder dizê-lo.
3. Faz diferença termos protagonistas identificados com o que somos. No campo e no banco.
4. Jogar bem é também não perder a cabeça, ser disciplinado e resistir ao deslumbramento. Em contraste com o opositor. E foi nisso que também fomos melhores. Duas vezes.
5.  De trás para a frente, diz-se. Saímos de Roma sem sofrer um golo.
6. Faz-nos bem desprezarem-nos. E dizerem que não somos favoritos.
7. Porto e Europa. Champions é o lugar certo.
8. Já só penso no próximo jogo. É aquele em que voltamos a não ser favoritos não é?

#Saladejogos

domingo, 21 de agosto de 2016

O selvagem que vive comigo

Não escapo aos diálogos comigo mesmo. Aliás, vivo em acesa conversa interior.
Tomo decisões, rio-me, irrito-me. Passo por momentos primários e também experimento os profundos. E tudo isto - como é próprio - sem filtros ou cerimónias (afinal o "cara" do lado de lá sou eu mesmo).

Ontem, depois de um desses momentos (daqueles de irritação), caí em mim. Posso estar à vontade mas não preciso de exagerar, pensei (lá está, também passo da irritação aos momentos profundos numa fracção de segundo e só não me tomam por maluco porque sou eu comigo...). Bem, pensava eu, o chorrilho denso e irreproduzível de palavrões que me disse não pode continuar sem freio. Mesmo tendo presente que me queixava em nome do dedo mindinho do meu próprio pé (que tem um caso amoroso com a perna da cadeira do quarto, só pode). Não é modo de vida. Já sei, foi só comigo e entre mim. Já sei, foi interior e ninguém ouviu. Já sei, o efeito libertador de um bom palavrão não é desprezível. Sei tudo isso. Mas começo a ter receio. Às vezes que me refugio interiormente nos palavrões - e não é sempre em nome do meu querido dedo mindinho do pé (que até merece o vernáculo) - ainda me revelo e perco a autoridade.
Tenho de me preservar. Pelo menos perante os meus filhos. E se puder ser perante alguém mais, tanto melhor.

Estarão a pensar que os bons modos que ainda vou praticando são um espartilho - são, em muitos momentos, não nego. Mas aquele selvagem que fala comigo permanentemente também não sou eu. E deve ser controlado!

Tenho que ter mais cuidado com o dedo mindinho do meu pé ...

saladeestar

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Eu queria o Rafa ... mas pode ter sido bom

Hoje não faltarão as tradicionais parangonas. Por gozo ou por revolta. Por todo o lado se lerá que o Benfica ganhou ao Porto o concurso (à jornalista diz-se "o concurso") por Rafa.

Ganhou, é certo. Cá para mim não é mérito nem de olheiros (scoutings, desculpem), nem de génios da arte de negociar, e muito menos dos lindos olhos do vencedor. Dinheiro, meus amigos, dinheiro (estamos rafados, dirão os mais divertidos)!
É que, dolosamente, para os lados do estádio mais bonito do país deixou de haver muita coisa essencial. E uma delas é dinheiro.

Nem tudo é mau. Tenho a esperança - se não mesmo a convicção - que da secura dos cofres pode brotar a limpeza tão necessária. E daí ao regresso do que somos (ou devemos ser) estaremos mais perto.

Não precisamos de ser um maná de virtudes (o futebol não se quer para isso). Mas dispensamos este antro de vícios. E eu confio na sabedoria popular. Quem não tem dinheiro não tem ... . Isso.

#Saladejogos

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ignorância olímpica

Não me excluo. Sou daqueles que, como bom parolo, como bom ignorante e, sobretudo, como bom adepto da festa, parte para os Jogos Olímpicos com uma «fesada» inchada.
Não sei porquê acho sempre que é desta que vamos sair de lá com uma mão cheia de medalhas (no mínimo!).
Conheço mais ou menos um ou outro atleta, tenho uma ideia das modalidades em que participam e já tenho mais dificuldades em saber com o mínimo de rigor as provas em que vão competir (facilmente faço confusão entre os atletas dos 5.000 e os dos 10.000 metros, entre o K1 500 ou K1 1000, entre as categorias de pesos no judo, etc).
Até posso saber qualquer coisa mas a verdade é que não sei nada sobre as reais hipóteses dos nossos compatriotas em competição. Não faço ideia do seu lugar no ranking, muito menos sei quem são os seus adversários e quais as marcas com que se apresentam. Mas nada nem ninguém me abala a «fesada» de partida.
E como é próprio da ignorância, quando de mãos dadas com a «fesada», vou quase sempre parar à exigência (face aos outros, claro).
A desilusão que depois nos assalta – que me assalta – tem muito pouco de fundamento e de justiça. Quando vou «estudar» um bocadinho percebo que se fizeram milagres, grandes prestações, marcas incríveis.
A Patrícia Mamona, por exemplo, ou o Nélson Évora, por razões diferentes, fizeram provas incríveis que nos deviam encher de orgulho. E o Fernando Pimenta – para dar mais um exemplo – deu tudo e não foi feliz.
Retracto-me. E agradeço.
#Saladejogos

Locução olímpica

De 4 em 4 anos os Jogos Olímpicos devolvem-nos em larga escala a qualidade no comentário desportivo. Da ginástica à natação. Do remo ao atletismo (porventura o meu preferido). E por aí fora.
Talvez seja da necessidade interiorizada de nos explicarem para lá do mero comentário - e por isso nos municiam com informações detalhadas, rankings, histórico e prestações recentes de cada atleta ou equipa. De repente percebemos que a locução no desporto pode ter qualidade (chego a gostar do tom de voz!).
Os senhores comentadores e locutores do desporto rei têm muito a aprender. E têm onde.

#Saladeestar
#Saladejogos

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A doer é que interessa

1. Troi points. Ainda estou ligeiramente em modo Euro.
2. Primeira volta. Primeira jornada. Essa coisa de jogar bem e bonito não me interessa nada. Quero é ganhar. São pontos tão importantes como os das últimas jornadas.
3. Ganhar em casa do Rio Ave é sempre um excelente resultado.
4. O Alex Teles que aprenda a lição. E que o Felipe veja bem (até tentou...).
5. Deixem-nos não ser favoritos que eu não me importo.
6. O meu André Silva marcou. E não foi de pénalti.

#Saladejogos

Michael Phelps, há mais de 12 anos a ganhar ...

Se o Michael Phelps fosse português metade dos seus compatriotas estariam a dizer que é arrogante, que há um nadador argentino muito melhor (ainda que nade em distâncias e estilos diferentes), que só pensa nos títulos individuais (por muitos colectivos que tenha amealhado - palavra justa! - e por muito decisivo que tenha sido nessas conquistas).

E ainda teriam a distinta lata (não ouro, nem prata ou bronze, lata mesmo!) de o menosprezar face  a um outro compatriota seu - que foi excelente, não é esse o ponto - mas que conseguiu apenas um terceiro lugar há 50 anos! e não mais participou em qualquer competição internacional - europeia ou mundial (o que deveria interpelar-nos, pois como diabo foi possível não nos termos apurado para um único mundial ou europeu depois desse fabuloso mundial de 1966!).

#Saladeestar
#Saladejogos

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Há um mês. Por todo o mundo.



#Saladejogos

Brincar com o fogo

Estou cansado de especialistas florestais. De doutorados em políticas de prevenção e de protecção civil. De indignados de Verão. Venham eles de onde vierem.
Desculpem a generalização mas são todos incompetentes. Aliás, somos todos. Pelo que fazemos. Pelo que não fazemos. E não me venham falar de falta de meios ou de falta de relevância no palco das prioridades. Porque a ser verdade (e até poderá ser) é por sermos infantis na nossa incompetência.

Parecemos aquelas crianças que, pela décima vez, têm um desarranjo intestinal e infernizam a noite aos pais, só porque se alambosaram com mil e uma guloseimas contra todas as recomendações dos paizinhos. É cultural: a falta de autoridade, a atracção pelo imediato, o sofrimento desnecessário.

Nós sabemos do calor. Sabemos do vento. Sabemos da nossa triste tradição. E nada muda. Continuamos, como se nada fosse, a alambosarmo-nos até ao inevitável desarranjo intestinal.

Eu sei que a prevenção dá escassos votos. E que a reconstrução e replantação dão muitos mais e até servem para excelentes números mediáticos. Mas estou farto. Já chega. Não é de agora nem de ontem. Mas já era tempo de deixarmo-nos de brincadeiras. Já ardem!

PS. É um dó de alma ver o país a arder. Mas impressiona-me muito o que se está a passar na Madeira. Devo tanto à Madeira, sou tanto da Madeira, sinto tanto a Madeira. Que para lá lanço o meu primeiro abraço!

#Escritorio
#Saladeestar

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Que exagero?

Ainda me soam os desabafos reprovadores dos meus pais "que exagero!" ou "se é para isso não vale a pena gastarmos um escudo (ainda era o tempo dos escudos) para virmos para a praia no Algarve"!

Ali entre os dezasseis e os vinte e poucos quase não falhávamos uma. Da primeira à última noite (especialmente a primeira, porque era a primeira, e a última porque era a última). E a terceira porque era a primeira de alguém (temos sempre imensos melhores amigos). E a quinta e a sexta porque eram a última de outro qualquer (com quem voltaríamos a estar em Moledo ou no regresso ao Porto - outras primeiras e últimas noites, sempre imperdíveis com tão únicos e incríveis motivos).
E estava lá "toda a gente". Quem? Toda a gente. Vem daí esse mágico conceito muito próprio da noite e que entrou no léxico para dizer a quem não estava lá que foi o único que faltou. O "estava lá toda a gente" tem o seu quê de bulling contra os que não puderam ir. Quase que nem é preciso dizer se foi ou não foi giro. No "estava lá toda a gente" já está implícito que foi espectacular e imperdível (ainda hoje é assim, nos concertos, nos festivais ou nas festas com convite - como nas noites de há 20 anos).
Bem, a verdade é que nos deitávamos todos os dias (talvez não soubéssemos fazer a coisa por menos) já sob os primeiros raios de sol. Depois de muitos Quilómetros (no Algarve não existe a palavra longe e por isso, sem dor, fazíamos imensos Quilómetros - do tipo estar no Porto e ir sair a Braga todos os dias), de muitas horas de pé, de muitos copos (volta e meia demais...), de estar com "toda a gente".
E agora? Continua a estar lá "toda a gente"? Claro. A diferença é que nem bulling fazem connosco ... 

Ao menos exagerei quando era de exagerar.

#Saladeestar