segunda-feira, 5 de junho de 2017

O nosso modo de vida

Mais um atentado. Mais abraços fraternos. Mais não sei quê. No fundo, há já uma espécie de reacção standard (é mesmo isto, «standard»).

A cada evento triste – e mais que triste, revoltante – em lugares que sentimos como nossos, vamos coleccionando lugares comuns, mais ou menos consensuais. Costumamos partir da premissa da superioridade da nossa civilização, reiteramos, depois, o orgulho no nosso pluralismo e tolerância, e terminamos com a afirmação (meio viril, meio vã) de que não podemos ceder a estas ameaças e agressões. Se tivéssemos uma bandeira para desfraldar ela teria inscrita a frase feita «nosso modo de vida» e lá estaríamos todos a desfraldar essa bandeira sem saber bem «porquê», «o quê» e «para quê».

O que é que nós defendemos exactamente? Que «nosso modo de vida» é esse em contraposição ao «deles»?
Cada vez mais, com todas as dificuldades que a necessidade de simplificação nos coloca, acho que nos está a faltar o debate exigente sobre que sociedade, que valores, que futuro, defendemos. No fundo, a quê que deverá corresponder essa bandeira difusa do «nosso modo de vida».
Enquanto a resposta for a do relativismo, a do pluralismo acrítico, a do nivelamento dos valores e da ausência de valores, somos nós próprios que nos expomos. Porque ninguém se sente mobilizado por uma amálgama incoerente de valores.
Claro que esse debate implicará a hierarquização, a crítica e o afastamento de ideias e prioridades absurdas. Eu atrevo-me a dizer o óbvio – que a pessoa, na sua dignidade intrínseca, ou regressa ao centro do «nosso modo de vida» ou nesta batalha de civilizações nem vale a pena desfraldar essa nossa bandeira (quanto mais ir à luta …).

Eu suspeito (não é bem suspeito, é mais acho, mas prefiro dizer suspeito) que a descristianização da Europa não devia ser olhada com indiferença.

#Saladeestar
#Escritório
#Jardim

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