terça-feira, 5 de setembro de 2017

Os debates e as campanhas

Hoje Rui Moreira apresenta-se a debate. Já sei que me dirão que se apresenta e apresentará aos 4 debates com que se comprometeu há já um mês. E também já sei que é o Presidente da Câmara do Porto em exercício que participará em mais debates (nunca antes um Presidente se predispusera a tanto). Não retiro nem questiono estes seus méritos.

Mas ainda assim, eu registo esta primeira ida a terreiro. Porque não gosto de ver cadeiras vazias. Não gosto de ver todos a participar em debates (seja na televisão seja noutros fóruns) menos um. É que fica difícil afastar a ideia de algum excesso de confiança (não se pode dizer arrogância, porque, de facto, talvez seja excessivo tratando-se de alguém que vai a 4 debates).

E, já agora, um elogio e uma crítica à campanha de Rui Moreira.

Tenho seguido e apreciado o modelo de conferências debates semanais abertos. Não só pelos temas escolhidos mas pelos respectivos conteúdos e oradores em geral. As campanhas devem servir para mais do que meras palavras de ordem ou ideias panfletárias. E essas iniciativas têm sido um excelente exemplo de como se pode e deve fazer campanha com conteúdo.

Diversamente, não sei se acho bem a ausência de outdoors de campanha. Há os candidatos que têm recursos. E há os que não têm recursos. Há os que precisam mais. E há os que precisam menos. E haverá – admito – os que militantemente abdicam desse tipo de «poluição» eleitoral (designadamente por razões ambientais e de parcimónia financeira).
Eu percebo que os que precisam menos – porque já gozam de amplo reconhecimento – «despejem» menos outdoors pela cidade. E percebo que os que precisam mais procurem disseminá-los (grandes ou pequenos, naturalmente em função dos respectivos recursos).

Já tenho dificuldade em me rever na dispensa desse tipo de campanha quando não está ligada à escassez de recursos nem a nenhuma convicção identificável.

Porque o exercício de campanha convencional (da qual farão parte os outdoors) é também expressão da democracia. Uma mensagem, como a que passa, do «não preciso disso» sugere-me sempre – lá está – excesso de confiança e alguma presunção face aos demais candidatos. Eu sei que já experimentámos o «número» na campanha do actual Presidente da República (quem mais poderia fazer uma campanha nacional sem sinais externos?). Mas já então não achei bem. E passa a mensagem de que a democracia se pode e deve fazer sem grandes custos. Eu acho essa mensagem falaciosa e até perigosa. A democracia tem custos e essa circunstância não pode nem deve ser estigmatizada.

#Escritório

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