quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O 25 de Janeiro

Sempre foi um dia especial lá em casa.
Era – e é! – o dia de anos do mais velho de nós todos (no caso, da mais velha). Era, portanto, o dia em que os nossos pais celebravam essa sua condição. E era aos nossos olhos – de miúdos deslumbrados com o ser crescido – o dia em que a nossa irmã mais velha já fazia não sei quantos anos (já tem 10 anos!, já tem 12 anos! Ou 14! Ou 16! E depois 18 e 20 e 21 e agora já vai bem para lá dos 40, imagine-se!). Sempre foi à frente (à mesma distância, dirão). Mas esse «à frente» teve muito de exigência, de emancipação e de exemplo.
O dia 25 sempre foi e sempre será, na nossa memória e no nosso coração, um dia especial. E hoje volta a ser.

Parabéns Rosarinho!

#Jardim

Que boa notícia, devo dizer (via Finantial Times)

A história é simples.
Um desses gentleman clubs de «prestígio», em Londres, (daqueles discretos, reservados a homens influentes) organizou o seu jantar anual de caridade.
Se ficássemos por aqui, os ingredientes já não eram poucos: só homens, influentes, clube reservado, jantar anual de caridade. Estamos todos a imaginar o potencial da coisa, mas não era suficiente para ser notícia (e podia nem haver nada digno de notícia).
A completar o «menu» o jantar (para 360 homens) contava com 130 «hospedeiras» (130!), escolhidas e entrevistadas previamente, com dress code preciso (fardas pequenas e lingerie a condizer), todas avisadas de que poderiam ser importunadas (pelos homens influentes) e que poderiam ir beber alguma coisa com quem «achassem mais atraente». No programa constava ainda um after-party.

Estão a ver o menu não estão? Muitos homens. Com poder e dinheiro. Jantar de luxo num hotel. Muitas hospedeiras escolhidas e vestidas a «rigor» devidamente avisadas do «cenário». After-party. Enfim, estamos todos a ver o filme.

Podemos ver isto de muitas perspectivas.
Pode ser uma manifestação de hipocrisia social – em que a reboque de uma causa boa (arrecadação de fundos para fins caritativos) se organiza um evento que é sobretudo uma manifestação de fausto e de poder.
Pode ser um retrato eloquente da decadência moral das nossas elites ou, se quiserem, simultaneamente, um exemplo sofisticado (mas transparente) da mercantilização da mulher e de que ao poder e ao dinheiro tudo é permitido.
E depois, dependendo dos olhos, tanto pode ser mais um caso de que a sociedade ainda não evoluiu, havendo resquícios de coutada masculina sem respeito pela dignidade das mulheres, como pode ser um caso de negócio entre adultos que até fica aquém do tema que por aí se discute da legalização da prostituição (para este tipo de olhos – que não os meus! – nem sei bem que tipo de censura se fará).


Eu por acaso valorizo uma outra perspectiva. A mim agrada-me francamente que um evento destes, com estes ingredientes, seja notícia no Finantial Times. E agrada-me que mereça investigação num tom de denúncia e de indignação. É sinal que ainda guardamos algum módico de sensibilidade. Revela que não nos é indiferente e que ainda gera desconforto sabermos de um evento em que 130 mulheres são contratadas (pagas) para servirem 360 homens poderosos num jantar de luxo (com os pormenores do dress code, dos avisos e tudo o mais). Isto ser notícia? Que boa notícia, devo dizer.

Links:

#Saladeestar

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A sedutora e irresistível Universidade de Coimbra?

Quando estamos em Coimbra percebemos quanto é esforçada a «tradição» noutros lugares.
E percebemos como é invejável – porque com sentido, com significado e com estética – a solenidade dos seus momentos. Um doutoramento, uma serenata monumental ou mesmo umas exéquias fúnebres de um dos seus merecem o adorno que só em Coimbra nos parecem equilibrados, simples e naturais. A começar pelos seus espaços e lugares.
Quando ao lado desta dignidade singular há também – convém reconhecer – o lastro e a qualidade científica, perguntamo-nos como é possível que Coimbra não seja sedutora e irresistível. Como é possível?
Aos olhos de qualquer estudante – e do próprio mercado – Coimbra deveria representar uma espécie de lugar de sonho.
Mal comparado (ou talvez não) alguém preferiria estudar em Dallas se pudesse estudar em Harvard? Ou em Manchester em lugar de Oxford ou Cambridge?
É que a preferência pelo Porto, por Lisboa ou por Braga (como tantas vezes acontece em Portugal) é quase incompreensível num país em que há Coimbra.
Nos dias que correm fico com a sensação de que Coimbra não sabe ou não consegue apresentar-se aos estudantes e ao mercado tão sedutora e irresistível como de facto é.


PS. Não sou nem estudei em Coimbra.

#Saladeestar

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Professora Ana Maria Rodrigues


Doce. Genuína. De trato alegre e jovial. Era desconcertantemente assim a Ana Maria. A querida Ana Maria.
E de boa que era, merecia ser acarinhada e reconhecida pela mesma medida (no mínimo).
Escolheu especializar-se em contabilidade. Talvez a ciência mais desprezada pela intelligentsia social mas das mais necessárias e úteis à vida profissional de todos.
Mas o que é sintomático do seu carácter e da sua qualidade humana é que tendo acumulado todos os títulos académicos, tendo chegado onde chegou (actualmente era Presidente da Comissão de Normalização Contabilística) e acedendo aos «corredores» que quisesse, manteve imaculada a sua genuinidade e doçura. Era mesmo boa a Ana Maria.
Fazem-se muitas homenagens, elogios e parangonas a propósito dos que nos vão deixando. Se há pessoa que merecia todas as homenagens, ela era a Ana Maria Rodrigues. Da sua Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, dos seus pares na ciência contabilística e fiscal, e de todos os que tivemos o privilégio de com ela nos cruzarmos.
Obrigado. E um grande beijinho, Ana Maria.

#Jardim

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Dolores O'Riordan



Por acaso a voz de Dolores O'Riordan dos Cramberries liga-me directamente àquela fase da vida em que deambulamos entre o sentimental inocente e a fossa («estar na fossa» era um termo muito adolescente e que correspondia a uma depressão artificial e muito curta).
Tinha 16 anos e exibia-me entre o seguro e o frágil, o maduro e o infantil, o estiloso e o nerd. Tudo muito consistente e muito disfarçado, como é próprio.
O «No Need to Argue», dos Cramberries, apanhou-me em cheio. Não era propriamente o álbum e banda de que mais gostava. Mas era um som que nos acompanhava e que eu não desgostava. E era sobretudo muito adolescente.
Tenho ideia até que ouvir «Ode to my family» ou o clássico «Zombie» era uma imposição de actualidade (tipo senha para aceder aos ambientes e às companhias femininas que nos interessavam).
Imagino sempre o crédito que os artistas acumulam ao longo da vida (quantos momentos, quantos encontros, quantas recordações lhes devemos?). Eu, por exemplo, devo a Dolores O'Riordan e à sua voz estas boas saudades da minha inconsistência.

#Saladeestar
#Jardim

Tondela

Não sei bem o que dizer.
Para quem conhece Tondela e sabe o que por ali se viveu há 3 meses (há apenas 3 meses) fica-se sem palavras e sem forças.
Há como que uma aversão às «notícias de última hora», com vítimas mortais e feridos muito graves em permanente «actualização».
Damos por nós de sensibilidade moída quase em negação perante novos abraços do Presidente Marcelo a outras vítimas e seus familiares.
De nós, de fora, proclamamos a comunhão possível, enviamos o abraço e até a ajuda necessária, e esperamos que a normalidade e a paz regressem àquela justa gente.
Mas é preciso muita resistência … até porque estamos perante uma tragédia que atinge uma manifestação genuína de regresso à normalidade (um torneio de sueca no pavilhão da associação recreativa!).
O meu abraço? Claro que o têm e terão sempre! E, porque tenho fé, junto as minhas orações.

PS. Não serve de consolo, porque não há consolo. Mas fica a sensação de que os meios de socorro responderam como é suposto. Aí houve um certo regresso à normalidade. Ao menos isso.

#Saladeestar
#Jardim

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Cannabis


Se é para fins terapêuticos então estamos no domínio da medicina e da ciência e a estas cabe darem orientações (é para isso que servem as Ordens dos Médicos, os Infarmeds e afins). A cannabis há-de ser uma «morfina» como outra qualquer.

Já incluirem no embrulho a autorização para cultivar esse «medicamento» em casa ... é que se é isso que querem, como se diz em bom português, «o que tu queres sei eu!».

#Saladeestar

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Poupavam-se e poupavam-nos


Os partidos são o que são (ou estão o que estão). As campanhas e os debates são o que são. Os candidatos são o que são.
Mas porque não reduzem os calendários?
Não seria muito mais simples fechar a coisa em 15 dias ou três semanas?
Para quê meses e meses até à decisão final?
Ah, é preciso tempo para elaborar o programa e auscultar o país e o partido (isto de auscultar é todo um programa).
Ah, alguns eventuais candidatos precisam de sentir a vaga de fundo (isto da vaga de fundo também é outro programa).
Esqueçam. Ninguém vai inventar a roda, os programas só têm de ser adaptados, a vontade para avançar ou se tem ou não se tem, e a auscultação façam-na depois.
Passos Coelho decidiu deixar a liderança do PSD logo depois das autárquicas (no início de Outubro!). Tenham paciência mas isto do sucessor há muito que já deveria estar mais que encerrado!
Poupavam-se e poupavam-nos.


#Escritório

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Outras mudanças

Ao fim de 6 anos é normal haver desgaste.
Muita gente a entrar e a sair. Muitas idas aqui e acolá. Com acelerações e travagens (às vezes é preciso acelerar, outras vezes é preciso travar).
Aos nossos olhos os quadros e as funções que desempenham também já não têm aquela novidade que tinham no início. As próprias mudanças quando introduzidas já não respondem da mesma maneira. E a capacidade de conduzir também não é a mesma.
E depois à medida que os anos passam os problemas que surgem são cada vez mais complexos, há tendência para acumular muita porcaria e a limpeza necessária recomenda a mudança.
Vou mudar de carro. Está decidido.

#Saladeestar

Ainda a PGR (vou insistir, peço desculpa)

Não é por ser a Joana Marques Vidal. Não é pelo Governo ser do PS. Não é por decorrer da lei (que não decorre).
A minha opinião sobre esta matéria é desligada da conjuntura (e sinceramente é assim que deve ser).
Ora eu acho que, por princípio, o Procurador-Geral da República não deve exercer mais que um mandato de 6 anos. Trata-se de um cargo de enorme responsabilidade e sensibilidade que, por natureza, não deve estar confiado à mesma pessoa durante demasiado tempo. E 12 anos é demasiado tempo. Aliás, tratando-se de um cargo que emana de proposta governamental e que é de nomeação presidencial (que portanto tem também uma génese política), diria que é quase elementar e próprio de um regime democrático que assim seja.
PS. A cedência nestas matérias por razões de conjuntura não costuma ser boa conselheira.


#Saladeestar

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

PGR





«Governo não renova mandato de Procuradora-Geral da República»

Eu aprecio a Procuradora Geral da República Joana Marques Vidal.
Inspira-me confiança e independência, granjeia o respeito e o reconhecimento dos seus pares, e mantém a discrição e serenidade adequadas à natureza do cargo que exerce.
Dito isto, não me agradaria a ideia de que fosse proposta pelo Governo para um novo mandato.
Nunca é recomendável que a liderança da Procuradoria Geral da República seja confiada à mesma personalidade durante 12 anos. Seja qual for a personalidade em causa.
O mandato único de 6 anos devia até ser legalmente consagrado.
Desta vez concordo com o Governo.

#Saladeestar

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A Unidade dos Grandes Contribuintes da AT


Entendamo-nos.

Passamos a vida a queixar-nos da actuação da AT (e tantas vezes com razão). Sentimo-nos vítimas dos seus privilégios creditórios, do modo abusivo como promovem liquidações oficiosas e, sobretudo, do modo cego e impiedoso como funciona a sua máquina de execuções fiscais (que quase já só funciona em modo automático – o «sistema»!).

Se – seguindo esta linha – a AT quisesse tomar o bom caminho estaria ela própria disponível para corrigir os seus próprios erros, dispensando-nos de partir para os tribunais e evitando tantos litígios com os contribuintes. E essa postura da AT serviria também para que o contencioso gracioso (termo mais pomposo para significar os processos que correm ainda na própria administração) fizesse sentido e não fosse uma espécie de caixa de ressonância da actuação dos serviços de inspecção. No fundo, a AT deveria disponibilizar aos contribuintes serviços de atendimento e de análise que pudessem corrigir os seus próprios erros (onde os contribuintes teriam interlocutores disponíveis para lhes dar razão, em lugar de corroborar acrítica e receosamente o que vem dos serviços).



A Unidade dos Grandes Contribuintes (UGC) é justamente um serviço inspirado nesta ideia – é mais personalizado, tem poderes de decisão e dirige-se aos contribuintes mais relevantes para o erário público (o critério é mesmo esse).

Sendo assim, é natural que por contraste com os demais serviços da AT, a UGC frequentemente revogue, corrija, promova reembolsos ou precipite deferimentos a favor dos contribuintes que estão na sua alçada. E sendo mesmo um serviço de acompanhamento dos grandes contribuintes é natural que estes actuem em conformidade com as suas orientações, evitando potencialmente litígios com a própria AT.

O que é absurdo é, depois, julgar essa circunstância com o chavão de que a UGC «cobra pouco e é ineficaz». Pelo contrário. Quanto mais eficaz for menos tenderá a cobrar…

PS. Num mundo ideal - em que o paradigma é o do cumprimento voluntário - a eficácia da AT não se deveria medir sequer pela eficácia na cobrança. Qual é mais eficaz: o serviço cujos contribuintes cumprem escupulosamente ou o serviço cujos contribuintes não cumprem sendo «chamados» coercivamente? 


#Saladeestar

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Alguma novidade?

No PS tivemos Costa / Seguro, antes Seguro / Assis, e, antes ainda, Sócrates / Alegre.
No PSD tivemos Passos / Rangel, antes Ferreira Leite / Passos, e, antes destes, Menezes / Marques Mendes.
E para não deixar o CDS de fora, tivemos Portas / Ribeiro e Castro.

De todas estas disputas - que não resisti a acompanhar (é mais forte do que eu) - não guardo qualquer ideia inspiradora, debate elevado ou projecto mobilizador. Invariavelmente, foram jornadas ou de melindre pessoal e de convocação de discussões e temas antigos mal resolvidos, ou de afirmação vazia de pureza partidária (eu estive sempre e tu não, eu é que sou o genuíno e tu um “cristão novo” ou “aburguesado”).

Não alinho, por isso, na ideia de que a actual disputa Rio / Santana no PSD não nos tem oferecido qualquer ideia inspiradora ou projecto mobilizador. E também não faço eco de qualquer desapontamento sobre o debate de ontem.

Quer dizer, não tem havido, de facto, qualquer ideia inspiradora ou projecto mobilizador - isso é verdade. E o debate de ontem foi um exercício de reivindicação de fidelidade vs convocação de histórias passadas, que não trouxe surpresa ou revelação. Mas foi sempre assim em todas as disputas partidárias (mais ou menos recentes). E não seria agora, com Rio e Santana, que assistiríamos a uma espécie de regeneração.

O problema que Rio e Santana acrescentam é serem Rio e Santana. Dois políticos que há 40 anos que andam nisto dos lugares e das listas do partido, que já passaram por quase tudo, que ostentam uns justos  cabelos grisalhos bem “puxados para trás”, e cuja expressão de impaciência e falta de novidade já não consigo censurar.

Alguma novidade nesta disputa? Nenhuma. Mesmo.

#Escritório

O IP3

Mais do que as estatísticas (detesto o termo “estatísticas” quando estamos a falar de vítimas mortais), valeria a pena tratar dos casos mais óbvios e patológicos. Há estradas que de tão “repetidas” já não deviam existir. O horror que acumulam - as vidas e famílias que ceifaram! - pelos vistos não impressiona quem hierarquiza e decide os investimentos necessários.
Por estes dias é notícia o balanço de mortes na estrada no ano de 2017. Ontem, também, ouvi o Presidente da Câmara de Tondela reivindicar (mais) separadores centrais no IP3 para que se evitem os crónicos acidentes mortais.
Compreendo mal - ao nível da revolta - que num país em que se construíram infra-estruturas por todo o lado (auto-estradas em duplicado, outras para lado nenhum, circulares externas e internas, estações de metro sumptuosas, até um aeroporto deserto!) ainda não chegou a vez de acabar com o assassino IP3 - a estrada para onde são dolosamente empurrados todos os que vêm de Coimbra e do Sul rumo a Viseu e à Beira Alta.
É verdade que se pôs fim a estradas congéneres que nunca deviam ter existido (como o IP4 ou o IP5). E que foram criadas alternativas a estradas que não se podem eliminar (como é o caso da Via do Infante por referência à Nacional 125). Mas a insistência no IP3 é - não meço as palavras - escandalosamente criminosa. Uma estrada com imenso tráfego, tortuosa e com enormes declives, murada e sem berma ao longo de quilómetros, e com um histórico de horror e morte em permanente actualização.
Estamos em 2018.
Repito. O IP3 é uma vergonha. É um escândalo. É criminoso.


#Saladeestar

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Bom ano!

Acho sempre que a ideia que alimentamos de um “feliz ou bom ano” é demasiado infantil. Porque passa invariavelmente pela ilusão do “sucesso”, da “saúde” e do “dinheiro”. Não que a aspiração ao sucesso, à saúde e ao dinheiro sejam infantis em si (e não sejam legítimas e até elementares ou naturais). Mas não valem por si. E só valem se, no fundo, tivermos um Bom ano (que até pode ser sem aquele “sucesso”, sem muito dinheiro e com dificuldades de saúde).
Bom ano! Que é o que interessa! E se puder ser com sucesso, dinheiro e saúde, tanto melhor.


#Saladeestar
#Jardim