sexta-feira, 25 de maio de 2018

Duvidar de nós próprios


Ainda que imposto à pressa, o debate sobre a eutanásia tem servido para conhecer imensos testemunhos incríveis.
De pessoas que se dedicam aos cuidados paliativos e no fundo dão expressão real e consequente à frase feita sobre o que é isso do «direito a morrer com dignidade». E de pessoas concretas que passaram pela decisão de pôr fim à vida e que sobreviveram a essa decisão. Ler ou ouvir estes testemunhos deveria ser suficiente para percebermos como admitir a eutanásia é um absurdo.

Porque é de elementar prudência desconfiarmos de nós próprios, da duvidosa liberdade com que, em momentos limite e de desespero, formamos e manifestamos a nossa vontade, de como somos incoerentes e repetimos arrependimentos. E quando essa fragilidade humana está directamente ligada a viver ou não viver, não podemos negar nunca o arrependimento e a incoerência. Na verdade, devemos mesmo presumir inilidivelmente como condicionado e imprestável um pedido de alguém para pôr fim à vida. Tenho medo de viver numa sociedade que desista de mim. Que não duvide de mim.

#jardim

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