Agachado, ao frio, quase nem se via. Parecia que chorava mas não se lhe viam lágrimas. Talvez já nem as tivesse. Custava-lhe esta noite. Sentia-se esquecido. E não se libertava das saudades do tempo em que não lhe apetecia chorar.
De repente, do nada, sentiu um toque que evoluiu rapidamente para um abraço suave e querido. Ao ouvido soou-lhe um “anima-te”.
Não conseguiu perceber logo quem era. E não se interessou especialmente por saber. Animou-se e afeiçoou-se àquela providencial companhia. Podia estar frio. Podia ter fome. E saudades. Mas não estava só. O calor saboroso de um abraço, de uma conversa, quase de um colo, era tudo o que procurava. E teve.
Conversou. Riu. Entregou-se.
As lágrimas que não conseguira verter esquecera-as. E sentiu a alegria de uma noite especial.
Não queria despedir-se. Compreendeu até mal porque se havia de despedir.
- Onde vais? - perguntou.
- Vou nascer!
Santo Natal para todos.
#Jardim
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