Naqueles dias em que «recolho»
a desoras e nem tempo tenho para pensar – de tão assoberbado de trabalho, solicitações
e compromissos – não há nada como chegar a casa.
Já não vejo os meus
filhos (quer dizer, eles é que já não me vêem). Sou recebido pelo silêncio de
uma casa a dormir (onde já se chegou, viveu a rotina do fim do dia, dos banhos,
do jantar, do ir para a cama). Atiro-me para o sofá de pernas e braços prostrados
(só não abro o botão da camisa nem solto o nó da gravata porque não faz o meu
estilo).
Nesses dias (ou
noites) passo sempre por aquele desabafo interior do «que raio de vida esta»,
que me faz «preferir» a presunção dos afazeres «tão importantes» e que me nega
liderar os momentos corriqueiros da rotina familiar.
Não dura muito esse
desabafo desalentado. Naquele périplo pelas camas dos meus filhos – em que os
vejo na serenidade do sono profundo – logo sou compensado pela sensação de «significado».
Vê-los serenos, enquanto
lhes ajeito os lençóis e cobertores, é das sensações compensadoras por que passo
na vida. Este pequeno prazer chega a ser paradoxal (porque supõe o regresso a
casa a indesejadas desoras). Mas é muito bom.
#Saladeestar
Sem comentários:
Enviar um comentário