Ainda que imposto à pressa, o debate sobre a
eutanásia tem servido para conhecer imensos testemunhos incríveis.
De pessoas que se dedicam aos cuidados
paliativos e no fundo dão expressão real e consequente à frase feita sobre o
que é isso do «direito a morrer com dignidade». E de pessoas concretas que passaram pela decisão de pôr fim à
vida e que sobreviveram a essa decisão. Ler ou ouvir estes testemunhos deveria
ser suficiente para percebermos como admitir a eutanásia é um absurdo.
Porque é de elementar prudência desconfiarmos
de nós próprios, da duvidosa liberdade com que, em momentos limite e de
desespero, formamos e manifestamos a nossa vontade, de como somos incoerentes e
repetimos arrependimentos. E quando essa fragilidade humana está directamente ligada
a viver ou não viver, não podemos negar nunca o arrependimento e a incoerência.
Na verdade, devemos mesmo presumir inilidivelmente como condicionado e imprestável
um pedido de alguém para pôr fim à vida. Tenho medo de viver numa sociedade que
desista de mim. Que não duvide de mim.
#jardim