segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Regresso de férias (I)

Vivo os dias de férias (mais os primeiros, quando ainda não desliguei completamente, e o último, quando volto a ligar) com aquela pedra clássica no sapato. Aposto que deixei a luz da dispensa ligada. Aposto que a torneira da casa de banho dos miúdos ficou mal fechada e passou semanas a pingar e a gastar água. Aposto que deixei qualquer coisa na cozinha – ou o lixo por deitar no contentor, ou meia dúzia de batatas, ou um pacote de leite aberto – que infestou a casa com um cheiro desagradável. Aposto que os miúdos deixaram um qualquer aparelho electrónico ligado. Entre assaltos de pânico (não é bem pânico, é uma ligeira aceleração do coração) e suspiros de «que se lixe, depois vê-se» (não há outro remédio, temos de desligar, que não dá para passar as férias em sobressalto), a pedra no sapato volta e meia faz-se sentir. E não é propriamente agradável.
Chegou o dia. Levo a mão ao bolso. Selecciono a chave de sempre (caramba, como até sabe bem regressar aos banais objectos de todos os dias). Estou naquele momento em que a chave penetra e a faço rodar na fechadura (é o auge da tensão e da dúvida - como estará tudo? O que me será revelado por trás da porta?). Acendo a luz.
Sabe bem tirar a pedra do sapato.

#Saladeestar

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