quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Voto de louvor

Que não se levantem. Que neguem o aplauso. Que façam o que quiserem.
Lutarei para que ninguém os fuzile contra nenhum muro.
Que somos um país democrático e livre!

#Escritório

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Cuba e a memória

Ando há dois ou três dias a escrevinhar umas ideias sobre Cuba, a morte de Fidel, a memória. Sobre o que é isso do amor à liberdade. E à verdade. Sobre como deveria ser indigna - sempre! - a morte por delito de opinião, seja ela às mãos de um ditador de esquerda ou de direita.
E justamente quando me preparava para dizer meia dúzia de lugares comuns, leio este texto da Zita Seabra.
Não preciso de dizer mais nada. Não devo.

Não apaguem a memória - Zita Seabra 

#Escritório

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Queridas bases de dados,

Já percebi que nunca se esquecem de mim, que prezam muito a minha presença (e a do meu telemóvel, e a dos meus e-mails) nas vossas extensas e valiosas listas. E também sei que é uma relação para a vida. Já sei, fui eu que vos contei tudo. E pouco interessa que o deva a momentos de fraqueza («não quer acumular pontos no nosso cartão cliente?»). Só depois de sair das lojas é que, ainda meio hipnotizado, suspeito que revelei àquela cheirosa e vistosa menina do balcão dados pessoais que deviam ser mesmo pessoais …
Está tudo muito certo e eu não estou aqui para mudar o mundo. Só queria, se fosse possível, que eliminassem duas ou três das 5 linhas em que apareço. É que escusava de receber cinco vezes os mesmos SMS e os mesmos e-mails. Basta uma vez (ou duas, vá) para ficar sensibilizado com as vossas generosas, incríveis e exclusivas promoções. Era mesmo só isso.
PS. Já agora, mudem aí o vosso tradutor automático. De repente, tratam-me por Black? Não sou Black, sou negro. Montenegro. Se der corrijam isso também.

#Saladeestar

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O mito dos puros

Há um fenómeno que me intriga e, em certa medida, indispõe a respeito do modo como se institucionalizou olhar para o PSD, para a sua autenticidade e os seus protagonistas. Digo para o PSD porque o fenómeno é sobretudo dirigido ao PSD, ainda que o CDS também dele vá padecendo. É, em boa verdade, um fenómeno que tem por destinatários os partidos à direita do PS.

Com estafada frequência ouvimos e lemos que o velho PSD, partido social democrata, já não existe. Já existiu – em todo o seu cristalino esplendor – mas terá desaparecido. Os representantes desse velho PSD também dele terão desistido ou, infelizmente, já não estão entre nós. Aliás, o fenómeno vem muito à tona em jeito de elogio póstumo – «era um verdadeiro social democrata, amante da liberdade e que nunca se rendeu à deriva liberal» (ou, na versão CDS, «era um dos últimos democrata cristãos»).

Nestes desabafos de frases feitas está implícito, muitas vezes, um rasgado elogio a esse partido tão bom que desapareceu. É uma espécie de partido equilibrado, socialmente galvanizado e reformista que, em contraposição à deriva de que foi vítima, perseguia o bem comum. Os elogios são tantos, tão rasgados e tão consensuais, que chego a questionar-me como foi que se perdeu esse partido!
E o que é ainda mais intrigante e curioso é que, amiúde (acho que é a primeira vez que escrevo «amiúde»), essas declarações de amor pelo velho PSD nos são servidas por quem nunca se reviu no tal partido tão bom, nunca nele votou nem votaria.

Este fenómeno anda de braço dado com a ideia de que as preocupações sociais e a promoção do Estado social são um exclusivo da esquerda e que à direita não lhe assiste mais essa causa (aliás, persegue uma agenda de destruição do dito Estado social). A velha direita terá tido essas louváveis preocupações, mesmo que, ao tempo, seja difícil encontrar esse reconhecimento.

A explicação para este fenómeno – lamento dizê-lo – não abona especialmente a favor dos seus arautos. Por regra, tem na génese a ideia, pouco democrática, de que os outros partidos à direita do PS se devem subjugar às mesmas prioridades da esquerda. Ademais, essa subjugação não se pode sequer esgotar na adesão às prioridades – elas devem ser perseguidas da mesma maneira, com os mesmos métodos (sejam eles meramente panfletários ou não). E sempre com a condescendência doutrinária de que a social democracia de Sá Carneiro ou a democracia cristã de Amaro da Costa eram – essas sim – boas e respeitáveis (por muito que ambos tenham sido combatidos pelos mesmos que condescendem).


Eu não quero convencer ninguém, por muito absurdo que ache o fenómeno. Também me poupo a projectar um olhar crítico ao lado «sinistro» (como se diz em italiano) do xadrez partidário. Mas talvez sugira que concedam aos partidos à direita do PS a impureza própria das organizações políticas, que exercem o poder e que se fazem das pessoas que, em cada momento, querem participar. Já nem falo da certeza biológica de os protagonistas de hoje serem filhos dos de ontem. Nem ouso invocar que uns terão sido formados por outros. Eu só me insurjo contra o estigma dos impuros de hoje. Especialmente porque baseada no mito. O dos puros.

#Escritório

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Copenhaga

1. Houve vontade. Aos jogadores não se pode apontar falta de vontade.
2. Fomos superiores, como vimos sendo em quase todos os jogos. Mas não é essa a medida que interessa. Falhamos golos que têm de ser golo e não temos objectividade na área!
3. O banco de hoje é inexplicável. A última substituição é quase um insulto.
4. Que grande dupla de centrais. Não me custa nada admitir. Não inventa, sempre concentrada e com entrega que me orgulha.
5. Devíamos ter ganho. Estou farto de terminar assim. Quero ganhar c@#%?o (caramba)!

#saladejogos

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Fora

1. Estou fora e não vi.
2. Mas já vi o suficiente.
3. Desde os senhores de preto, aos senhores da tribuna (que acumulam loas e votos em assembleias gerais de desconversa), acabando no senhor do banco, já estou farto. Farto de ser gozado, enganado e desrespeitado.
4. Estou fora e não vi. Estamos fora da taça e não vi. Eu sei quem queria ver fora. Mas também não vi. Ainda.

#Saladejogos

Amoris Laetitia

Sempre que leio uma exortação apostólica, uma encíclica ou qualquer outra reflexão do Papa (do actual, como dos seus predecessores) experimento o sobressalto da consciência e do entusiasmo (ou da esperança). Claro que me assiste o interesse ou a devoção filial, mas não creio que a ela se deva totalmente aquele sobressalto. Procuro mesmo colocar-me na pele e na consciência do distante. De quem não comunga da devoção e do interesse. E, invariavelmente, descortino o chamamento aos homens livres e de boa vontade. Seja à paz, seja ao amor (talvez a mais humana e inata das vocações), seja ao respeito pelo ambiente (para dar um exemplo recente).

Todavia, nunca como na recente exortação apostólica "Amoris Laetitia" (Alegria do Amor) foi tão verdadeira a vocação universal da mensagem do Papa.

Não é preciso ter fé, não é preciso estar próximo da mundividência cristã, não é sequer preciso gostar do Papa e da Igreja. Para qualquer mulher e homem de boa vontade, a reflexão que nos é oferecida "sobre" o Hino à Caridade de São Paulo (Capítulo IV da Exortação Apostólica) é uma generosa e doce receita para a felicidade. Não está lá nenhum segredo. Não está lá sequer nada de novo. Mas está lá tudo. E é um desperdício não aproveitar.

Desculpem o pequeno desvio aos assuntos ligeiros do dia a dia, mas eu tinha que dizer isto.


#Jardim

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Eu também acho não sei quê

Eu também tenho uma teoria sobre a vitória de Trump, a derrota da Hillary, os populismos, os sistemas eleitorais, a relação entre maiorias e representatividade. E sobre o caso do Bruno de Carvalho com o presidente do Arouca. E sobre a lua grande. Talvez esta última seja mais discutível.
Mas não. Não passa por chamar ignorantes e estúpidos a tudo o que mexe. Não tenho jeito (quer dizer, jeito tenho, mas sou dominado pela vergonha) para exercícios de superioridade moral. E ao que leio por aí ainda me arrisco a levar uma bisga.

Fica para quando estiver tudo mais calmo. Ou não, que não se perde nada (já sei, escusam de me advertir).

#Saladeestar

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

À conversa com Leonard Cohen

Volta e meia vejo-me obrigado a contemporizar essa do «gostos não se discutem». Há estrelas que não estão sujeitas a semelhante boutade. Não aquelas que nos são impostas e a que aderimos por obediência quase bovina. Falo antes das estrelas mesmo. De um Cohen, hoje, como de um Bowie, ontem.

E então para quem gosta de músicas, para quem gosta de melodias, de letras, de histórias. Para quem gosta de vozes graves, de conversas, de álbuns inteiros. Leonard Cohen está quase isolado. Ouvi-lo dava-me a sensação de estar numa conversa – sim, ele interpretava como quem conversava ou contava uma história. E por isso às vezes não perdia muito tempo com essa coisa da melodia que ele próprio criara (encarregava até uns quantos back vocals para que não se perdesse essa parte da criação).
Com Leonard Cohen o brilho era completo. A qualidade, de tão genuína, tão massiva, tão sufocante, envolvia-nos e não consentia essa ousadia do «gostos não se discutem» (como quem diz, discutam para aí, que não há como beliscar o génio).


Ao olhar para as minhas estantes carregadas de criações banais, apeteceu-me pôr lá uma caixa. Na lombada escreveria «À conversa com Leonard Cohen». Para quê? Para disfarçar a vergonha de a ter vazia. Para a preencher urgentemente. E para poder recuperar essas conversas com o génio.

#Jardim

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A democracia e o voto

Nesta manhã em que a pulsão democrática está em crise (ela é mais posta à prova quando os resultados traem o desejo e a expectativa) não retiro uma vírgula ao que escrevi no dia a seguir ao referendo do Brexit:
«O voto é esclarecido
Não tenho nem ilusões nem presunções. E não faço exigências.
O voto é o que cada um quiser fazer dele. Na mais absoluta liberdade. Se essa liberdade é baseada na leitura aturada dos programas ou numa ponderação profunda sobre as alternativas, tanto melhor. Mas vale o mesmo se for fruto de uma precipitação, de um engano ou até de uma garotice.
E esta constatação tanto vale para um lado como para o outro. Serve para quando gosto e para quando não gosto do resultado.
Achar que os eleitores não sabem o que fazem é presunçoso, incoerente e até pouco democrático. Presunçoso porque tem na génese a ideia de que «eu é que sei». É incoerente porque já não interessa quando os resultados são os que eu gosto. É pouco democrático porque vai colher à ideia de que isto estaria bem era nas mãos de uns iluminados (que o povo é ignorante e não é capaz de decidir bem).
O argumento das promessas demagógicas e vãs é fraco e não vale – se não fosse fraco e não valesse, então valeria sempre (porque não há acto eleitoral que não se ornamente de promessas demagógicas e vãs).
Eu por mim respeito sempre os resultados de qualquer votação. Com humildade e com espírito democrático.
(…)»
Por ora é o que se me ocorre dizer - outra vez - sobre os resultados (para lá da esperança de que a realidade seja melhor que o «verbo»).

#Escritório

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

I'm out

Não vou à Web Summit.
Não tenho uma Startup.
Nem app. Nem sou CEO. Nem CFO. Nem Entrepeneur.
Falta-me um Business Plan para fazer um Road Show, atrair Business Angels ou Investment Funds, que depois de uma Due Dilligence, me proporão uma Joint Venture ou M&A.
Talvez um Outsourcing para estudar um Management Buyout ou mesmo um IPO. Default é que não.
Um Empowerment é urgente.

Vou mas é beber uma mini. Sorry.

#Saladeestar

domingo, 6 de novembro de 2016

Perder também é isto

1. Pouco interessa essa coisa do não merecemos.
2. Quer dizer, o palavroso do banco mereceu. Esse mereceu.
3. Estávamos à procura do segundo golo, não havia nem sinal de réplica, e o intelectual do banco achou que era boa ideia pôr um freio (mais um médio e menos um extremo naquele momento foi todo um programa).
4. Perdemos. 2 pontos nossos. 1 para lado de lá. E obviamente que não ganhar em casa é perder. Essa é que é essa.
5. Não me apetece dizer mais nada.

#Saladejogos

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Manuel Sampaio Pimentel

Lemos os maiores elogios ao seu carácter, ao seu modo simples, directo e despudoradamente leal de ser. E de escolher. E de servir. Eloquente consenso, apetece dizer.
Talvez seja mais justo dizer que é muito difícil e exigente ser como o Manel escolheu ser (que inveja Manel!).
Quando hoje rezar por ele e pelos seus vou começar com um «gostava do Manel». Sei que Deus estará também em sintonia.

#Jardim

Da memória e da responsabilidade


É das tradições que faz mais sentido e que mais me comove. O mapa de ternura em que se transformam os nossos cemitérios anima-me. Lembrar as raízes que nos fazem inteiros é mais que um exercício de memória. É sobretudo um exercício de responsabilidade.



#Jardim