Umas vezes era o Orçamento de Estado, outras
uma moção de censura (que às tantas virava para moção de confiança), outras
ainda o estado da nação. Entretinha-me e divertia-me com os directos da
Assembleia da República. A oratória, o humor, a razão e o despudor. Os
preparados e os atrevidos. Os talhados e os desajustados.
Lembrei-me dessas minhas tardes quando soube da
morte do Silva Marques. E tive saudades.
Não sei se se lembram mas o Silva Marques foi
um destacado deputado. Foi um dos que caiu em si quando percebeu que o PCP e o
seu projecto político para o país eram um logro. E entre o PS e o PSD escolheu
este último. Era, de facto, um senhor deputado. Por regra sentava-se na
primeira fila, mas na cadeira mais à esquerda, de onde exibia o seu farto bigode,
nó de gravata robusto e sorriso simpático. E tinha o que mais gosto nos
deputados – eloquência inteligente e bem-humorada.
#Escritório
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