quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sou parolo mas não me importo

Estou, definitivamente, do outro lado da barricada.
Achei muito bem o Pingo Doce na Marechal (na mesma avenida onde há escolas, bancos, bombas de gasolina, clínicas veterinárias, escritórios de advogados e de consultoras, e, até há pouco tempo, serviços da segurança social). Até dou por mim – não o escondo – a achar que ficou mesmo bem o tal Pingo Doce.
E também acho muito bem o Tourigalo na Fonte da Moura e o Continente ao lado da Cufra (na mesma avenida onde há de tudo – desde bombas de gasolina, lojas de tapetes, restaurantes baratos e caros, tascas, farmácias, jardins de infância, clínicas, sedes partidárias, salas de espectáculos, jardins, bares de noite e, pasme-se, supermercados!).
Lamento muito, mas em avenidas como estas, com tantas funcionalidades e espaços diferentes, não há critério de selecção que recomende negar a abertura de supermercados ou de restaurantes. Sejam eles gourmet ou populares. Caros ou baratos.
O critério, do meu lado, é mais simples. Em espaços descuidados ou devolutos, casas abandonadas há anos, dominadas pela marginalidade e pela vegetação selvagem, eu anseio sempre pela abertura de um Tourigalo ou de um supermercado. Para pôr fim a esse degredo. E, já agora, para minha comodidade.
Foi isso que aconteceu.
Chamem-me parolo da cidade que eu não me importo.

#Salaodevisitas

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