Recebeu-nos em sua casa. A nós, uns miúdos. Ainda que mais curiosos que deslumbrados. Com alguma presunção de pertinência e conhecimento. E com o interesse e a educação de quem quer aproveitar e sabe estar. Mas uns miúdos com vinte e poucos anos.
Não era o primeiro jantar. Já não sei se não terá sido o último (pelo menos daqueles em que participei).
O nome de Rogério Martins, do Engenheiro Rogério Martins, transportava-me para a política de indústria, antes do mais, e para os primeiros tempos de Sá Carneiro como Primeiro-Ministro (tempos gloriosos, aos nossos olhos). A ideia de conversarmos com um dos homens por trás do mito era suficientemente sedutora. Mas não era só isso. E não foi só isso. Quem conhece (já quase ninguém conhece) a vida e a história de Rogério Martins sabe bem que teve uma vida cheia, densa e que deixou rasto.
Guardo daquele jantar várias ideias. Uma das quais – talvez a mais relevante – a de que as luzes da ribalta são uma ilusão absolutamente transitória. E porque é assim – esta é a segunda ideia – vale a pena saber ser humilde mesmo no exercício das mais elevadas responsabilidades ou de cargos com especial influência e consequência. E depois – terceira ideia que guardo – não há azedume, ressentimento ou desilusão que abale o regresso ao «anonimato» – porque, no fundo, quando não houve presunção não deixará de haver serenidade e bonomia no período justo do recolhimento. A conversa não foi bem sobre isto (foi mais sobre política e episódios vividos). Mas, afinal, foi também sobre isso.
Naquela abertura para conversar connosco, para mais recebendo-nos em sua casa, estava um modo de vida. Não sei se algum de nós (Gonçalo Matias, Gonçalo Veiga De Macedo, Pedro Velez, Francisco Pereira Coutinho, David Oliveira Festas, Manuel Gil Fernandes) lhe agradeceu devidamente. Eu não. E já não vou a tempo.
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