segunda-feira, 4 de julho de 2016

Camilo de Oliveira

Conhecias o Camilo de Oliveira? Então não! Muitas horas nos acompanhou ele no serão lá em casa. Não chegámos a cruzar-nos pessoalmente (mero pormenor), mas eu conhecia-o de há muitos anos. E já os meus pais. E os meus avós. Todos o conhecemos.
Não sei se era de esquerda ou de direita (ou por outra, nem quero saber). Sei que era daqueles que faziam parte da nossa cultura popular – televisiva, de revista e de teatro – que nos caracteriza tão autenticamente enquanto povo. No humor simples, fácil e mesmo desarmante. No desembaraço ou improviso. Na autocrítica sem freio. Nem sempre com o mesmo fulgor e sucesso.
Mais do que gostar de Camilo de Oliveira era pelo que simbolizava que eu sobretudo gostava dele. O artista português que ainda nos ligava. Ao tempo dos meus avós. Ao tempo dos meus pais. Ao meu tempo.
Com total despudor (talvez até com algum desassombro e orgulho) digo que sinto falta de mais cultura popular. Atrevo-me a dizer que o espaço que lhe pertencia piorou francamente (seja ele preenchido com os eruditos debates à volta do Brexit, das sanções a Portugal ou da crise financeira, seja pelos malogrados programas de deboche em directo inaugurado pelo Big Brother).

#Saladeestar

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