Várias vezes me pergunto qual o limite.
Hoje – tal como a 13 de Maio (nada inocente a data) – voltei a questionar-me. Qual o nosso limite? Enquanto comunidade, enquanto civilização, enquanto pessoas.
Não sou indiferente à evolução e sofisticação científica. Muito menos sou indiferente à capacidade que essa evolução tem tido para nos servir.
Já sou muito cauteloso quando essa sofisticação científica serve de instrumento para uns à custa de outros. Tenho muito respeito pela vida. De todos.
É por isso que sou contra o aborto. Que nunca conseguirei deixar de ver como uma desproporcionada cedência a uns à custa de outros (para mais inocentes e totalmente indefesos).
É por isso que sou contra as barrigas de aluguer. Que vejo justamente como a satisfação de uns à custa da manipulação de outros.
Já sei que me vão contrapor com a natureza voluntária da solução aprovada como garantia de proporcionalidade na tensão entre uns e outros. Honestamente, são tantos e tão sérios os problemas que as barrigas de aluguer colocam que, infelizmente, não há carácter voluntário que os afaste (já para não falar no crónico gradualismo que estas causas sempre experimentam rumo à abertura plena).
Não me anima nenhum preconceito com o direito de todos a serem felizes (by the way, que raio de frase feita essa do «direito a ser feliz»!). Compreendo de coração aberto os dramas de quem deseja um filho que não consegue ter. E comove-me a disponibilidade de tantos para atender a esse anseio.
O problema – ou os problemas – é que em causa estão vidas inocentes e indefesas que expomos a tensões não controláveis (designadamente, entre os pais «doadores» e a mulher que aluga a sua barriga). Não é preciso ser um especialista na matéria. Basta conhecer minimamente a natureza humana. Conhecemos bem os arrependimentos, as tensões, as coacções, as chantagens. Conhecemos bem as emoções e cumplicidades entre muitas mulheres e os bebés que transportaram no seu ventre. Conhecemos bem as tentações e a "generosa" capacidade dos homens na subversão dos limites legais. Sabemos bem tudo isto e muito mais. E sabemos muito bem que não é aceitável expor a este «tudo isto e muito mais» vidas inocentes.
#Escritório
#Jardim
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