Sempre tive as pequenas e corriqueiras aspirações da idade. Queria sempre fazer anos para ser mais crescido. Queria fazer 12 anos, porque já seria "jovem" e até podia tirar o cartão jovem (e lá fui a uma agência do BNU – era no BNU ou nos Correios – tirar o cartão dos descontos e do orgulho). Almejava chegar aos 13, porque já seria teenager. 16, porque me garantia a entrada sem sobressalto nas discotecas (fosse ou não fosse verdade, saía sempre com o BI no bolso e ainda me lembro de o mostrar ao saudoso Sr. Mário à porta do Twins). E, claro, até já podia cantar aquele hit dos GNR "e aos dezasseis" com outra autoridade!
Tudo pequenas conquistas muito típicas e – arrisco dizer – próprias e saudáveis.
E o que ansiava eu, de corriqueiro, há 20 anos?
Sonhava com a carta de condução. Sonhava poder entrar no casino (pouco importa que nunca tenha gostado de jogar). Sonhava ser o meu encarregado de educação. Sonhava fazer o check-in sem papéis de autorização (que tive de exibir das poucas vezes que até então viajara). Sonhava votar. Sonhava até poder dizer que tinha 18 anos, imaginem!
Sonhava com a carta de condução. Sonhava poder entrar no casino (pouco importa que nunca tenha gostado de jogar). Sonhava ser o meu encarregado de educação. Sonhava fazer o check-in sem papéis de autorização (que tive de exibir das poucas vezes que até então viajara). Sonhava votar. Sonhava até poder dizer que tinha 18 anos, imaginem!
Ontem, há 20 anos, cheguei lá.
A carta foi e continua a ser importante. Entrei no casino uma ou duas vezes (não me deu nenhum gozo especial, devo reconhecer). Na universidade nunca me perguntaram pelo encarregado de educação (não cheguei a experimentar esse prazer de poder dizer que era eu). Fiz o check-in centenas de vezes. Só não votei em duas eleições. E não me lembro de andar para aí a dizer que tinha 18 anos (mas tenho a certeza que ao fim de um ano deixei de dizer).
A carta foi e continua a ser importante. Entrei no casino uma ou duas vezes (não me deu nenhum gozo especial, devo reconhecer). Na universidade nunca me perguntaram pelo encarregado de educação (não cheguei a experimentar esse prazer de poder dizer que era eu). Fiz o check-in centenas de vezes. Só não votei em duas eleições. E não me lembro de andar para aí a dizer que tinha 18 anos (mas tenho a certeza que ao fim de um ano deixei de dizer).
E 20 anos depois? No dia em que completei 38 anos? O que aspiro?
Já não consigo medir por pequenos anseios (e tenho pena, porque era mais divertido). Mas talvez possa dizer que as imensas mensagens e telefonemas que recebi me souberam como «o cartão jovem», como «a exibição triunfante do BI à porta do Twins», como «a carta de condução», ou a ida ao «casino», ou mesmo como «votar». Senti-me orgulhoso. Tal como há 20 anos. E só posso agradecer.
Já não consigo medir por pequenos anseios (e tenho pena, porque era mais divertido). Mas talvez possa dizer que as imensas mensagens e telefonemas que recebi me souberam como «o cartão jovem», como «a exibição triunfante do BI à porta do Twins», como «a carta de condução», ou a ida ao «casino», ou mesmo como «votar». Senti-me orgulhoso. Tal como há 20 anos. E só posso agradecer.
Obrigado!
PS. Foi a primeira vez que festejei aqui no Palacete!
#Saladeestar
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