segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Que exagero?

Ainda me soam os desabafos reprovadores dos meus pais "que exagero!" ou "se é para isso não vale a pena gastarmos um escudo (ainda era o tempo dos escudos) para virmos para a praia no Algarve"!

Ali entre os dezasseis e os vinte e poucos quase não falhávamos uma. Da primeira à última noite (especialmente a primeira, porque era a primeira, e a última porque era a última). E a terceira porque era a primeira de alguém (temos sempre imensos melhores amigos). E a quinta e a sexta porque eram a última de outro qualquer (com quem voltaríamos a estar em Moledo ou no regresso ao Porto - outras primeiras e últimas noites, sempre imperdíveis com tão únicos e incríveis motivos).
E estava lá "toda a gente". Quem? Toda a gente. Vem daí esse mágico conceito muito próprio da noite e que entrou no léxico para dizer a quem não estava lá que foi o único que faltou. O "estava lá toda a gente" tem o seu quê de bulling contra os que não puderam ir. Quase que nem é preciso dizer se foi ou não foi giro. No "estava lá toda a gente" já está implícito que foi espectacular e imperdível (ainda hoje é assim, nos concertos, nos festivais ou nas festas com convite - como nas noites de há 20 anos).
Bem, a verdade é que nos deitávamos todos os dias (talvez não soubéssemos fazer a coisa por menos) já sob os primeiros raios de sol. Depois de muitos Quilómetros (no Algarve não existe a palavra longe e por isso, sem dor, fazíamos imensos Quilómetros - do tipo estar no Porto e ir sair a Braga todos os dias), de muitas horas de pé, de muitos copos (volta e meia demais...), de estar com "toda a gente".
E agora? Continua a estar lá "toda a gente"? Claro. A diferença é que nem bulling fazem connosco ... 

Ao menos exagerei quando era de exagerar.

#Saladeestar

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