quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O carisma de Teresa e a coerência

Podemos não nos rever num determinado carisma, podemos não compreender a doutrina por trás dos actos, podemos até não gostar. Ponto.
Quando me vejo nessas circunstâncias não é o ódio que convoco para a arena. Prefiro olhar aos actos concretos.
Honestamente, é difícil – para quem está de boa fé – não ficar tocado com as obras e os gestos de Madre Teresa. Sempre junto dos mais pobres dos pobres, dos mais miseráveis dos miseráveis, dos abandonados. A vida inteira.
As críticas apaixonadas – que de tão apaixonadas me deixam perplexo e intrigado sobre o que as motiva – perdem pelo ódio, claro, mas pecam especialmente (não consegui evitar o verbo) pela escassa ou mesmo inexistente autoridade moral. Elas surgem-nos em modo de post moderno escrito no conforto de uma casa ou escritório do ocidente. Eu gostava de as ler num papel sujo e gasto pela miséria de uma Índia ou de um qualquer bairro onde normalmente encontramos as Madres Teresas. A isso chama-se autoridade moral. Eu, ainda assim, prefiro chamar coerência.

PS. No passado domingo, quando revisitava meia dúzia de histórias da sua vida – e procurando encontrar alguns momentos da sua passagem por Portugal – recordei o episódio tenso que a Madre Teresa viveu com o então Bispo de Setúbal, D. Manuel Martins.
Nos anos 80 (e também 90) a crise social no distrito de Setúbal foi particularmente complicada. E o então carismático Bispo de Setúbal (o Bispo vermelho, como era conhecido) pediu à Madre Teresa para abrir uma casa em Setúbal. Quando foi visitar essa casa, D. Manuel mostrava orgulhoso à Madre Teresa o apartamento confortável que havia conseguido providenciar para as irmãs. A Madre Teresa ficou incomodada e furiosa (é assim que vem nos relatos) com a localização e o conforto da casa. Em jeito de ralhete ao «generoso» Bispo vermelho disse que as irmãs haveriam de estar junto daqueles a quem devem servir e na mais absoluta simplicidade. E assim foi (ou passou a ser).

#Jardim
#Saladeestar

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