Podemos não nos rever num determinado carisma,
podemos não compreender a doutrina por trás dos actos, podemos até não gostar.
Ponto.
Quando me vejo nessas circunstâncias não é o
ódio que convoco para a arena. Prefiro olhar aos actos concretos.
Honestamente, é difícil – para quem está de boa
fé – não ficar tocado com as obras e os gestos de Madre Teresa. Sempre junto
dos mais pobres dos pobres, dos mais miseráveis dos miseráveis, dos
abandonados. A vida inteira.
As críticas apaixonadas – que de tão apaixonadas
me deixam perplexo e intrigado sobre o que as motiva – perdem pelo ódio, claro,
mas pecam especialmente (não consegui evitar o verbo) pela escassa ou mesmo
inexistente autoridade moral. Elas surgem-nos em modo de post moderno escrito
no conforto de uma casa ou escritório do ocidente. Eu gostava de as ler num
papel sujo e gasto pela miséria de uma Índia ou de um qualquer bairro onde
normalmente encontramos as Madres Teresas. A isso chama-se autoridade moral.
Eu, ainda assim, prefiro chamar coerência.
PS. No passado domingo, quando revisitava meia
dúzia de histórias da sua vida – e procurando encontrar alguns momentos da sua
passagem por Portugal – recordei o episódio tenso que a Madre Teresa viveu com
o então Bispo de Setúbal, D. Manuel Martins.
Nos anos 80 (e também 90) a
crise social no distrito de Setúbal foi particularmente complicada. E o então carismático
Bispo de Setúbal (o Bispo vermelho, como era conhecido) pediu à Madre Teresa
para abrir uma casa em Setúbal. Quando foi visitar essa casa, D. Manuel
mostrava orgulhoso à Madre Teresa o apartamento confortável que havia
conseguido providenciar para as irmãs. A Madre Teresa ficou incomodada e furiosa
(é assim que vem nos relatos) com a localização e o conforto da casa. Em jeito
de ralhete ao «generoso» Bispo vermelho disse que as irmãs haveriam de estar
junto daqueles a quem devem servir e na mais absoluta simplicidade. E assim foi
(ou passou a ser).#Jardim
#Saladeestar
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