quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Das incoerências

Francamente não me impressionam especialmente as exibições de incoerência - ou de contradição - a respeito de propostas políticas concretas. Elas apenas servem para expor as motivações e convicções - ou falta delas - de quem se manifesta em cada momento. Mas não servem para sustentar (servirão mais para baralhar) a bondade ou maldade da medida em causa.

E esse espectáculo - que, insisto, não me seduz - tanto se exibe à esquerda como à direita. Os vídeos de declarações ou a recuperação de textos de protagonistas (de um lado e do outro) a dizer uma coisa e o seu contrário acrescentam muito pouco ao debate. E já nem falo da abominável invocação das origens familiares dos protagonistas do momento (como ser filho ou irmão de alguém devesse ser um argumento condicionante). Não gosto. Não alinho.

No caso concreto do tão propalado imposto sobre o património, a minha oposição tem fundamentos técnicos (a que vos poupo, mas que se prendem desde logo com o problema da dupla tributação, com o seu fundamento constitucional e com os critérios de apuramento da base tributável). E tem fundamentos políticos e práticos. Não vivemos isolados, temos carências gravíssimas de poupança, de criação de emprego e de investimento. O nosso problema colectivo não reside na falta de impostos, e estou certo que a criação de impostos adicionais não serve aqueles propósitos. Sejam eles uma verba do Imposto do Selo ou uma sobretaxa (como fez o anterior governo) sejam eles um imposto sucessório ou sobre as fortunas (como se anuncia por estes dias).

#Saladeestar
#Escritório

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