sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Do nojo

A descrição da carreira do chefe de gabinete do Secretário de Estado do Desporto que agora se demitiu (ou foi exonerado) é todo um programa. Está lá tudo. Digo-o sem qualquer prazer. Talvez o faça com pena, porque não diz bem de nós, do sistema em que vivemos e da nossa falta de exigência.

Reparem bem. O senhor (lamento não poder utilizar o «Dr.» que ele tanto valorizava) foi presidente da Associação Académica de Lisboa, mas nunca acabou qualquer curso – terá passado um ano por um e três por outro. Foi vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude. Beneficiou de não sei quantos ajustes directos de serviços de consultoria e comunicação (um clássico). Acumula experiências soltas na assessoria de comunicação em gabinetes, sendo essas as únicas experiências de «trabalho» que conseguimos perceber. Gozava das prerrogativas e benesses do gabinete que chefiava sem qualquer senso e pudor. Aparentemente, geria sem apreensões outras actividades (de scouting para um clube de futebol, imagine-se!) em acumulação com as funções de chefe de gabinete. Mentiu descaradamente sobre o seu CV e, pelos vistos, o seu poder foi ao ponto de fazer rolar a cabeça de um Secretário de Estado e ser imposto a outro pelo Ministro (com uma espécie de jura de segredo até hoje).

A mentira é já um CV sobre o senhor. Achar que precisa de esconder que não tem qualquer licenciatura é outro.


Há tanta gente boa. Com e sem licenciatura. Com efectiva capacidade e disponibilidade para trabalhar. Até com vocação política e com vontade de serviço. É criminoso andarmos a preencher os lugares com gente desta. E quando me refiro a gente desta incluo os cúmplices deste nojo.

#Escritório

Sem comentários:

Enviar um comentário