A descrição da carreira do chefe de gabinete do
Secretário de Estado do Desporto que agora se demitiu (ou foi exonerado) é todo
um programa. Está lá tudo. Digo-o sem qualquer prazer. Talvez o faça com pena,
porque não diz bem de nós, do sistema em que vivemos e da nossa falta de
exigência.
Reparem bem. O senhor (lamento não poder
utilizar o «Dr.» que ele tanto valorizava) foi presidente da Associação
Académica de Lisboa, mas nunca acabou qualquer curso – terá passado um ano por
um e três por outro. Foi vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude. Beneficiou
de não sei quantos ajustes directos de serviços de consultoria e comunicação (um
clássico). Acumula experiências soltas na assessoria de comunicação em
gabinetes, sendo essas as únicas experiências de «trabalho» que conseguimos
perceber. Gozava das prerrogativas e benesses do gabinete que chefiava sem qualquer
senso e pudor. Aparentemente, geria sem apreensões outras actividades (de
scouting para um clube de futebol, imagine-se!) em acumulação com as funções de
chefe de gabinete. Mentiu descaradamente sobre o seu CV e, pelos vistos, o seu
poder foi ao ponto de fazer rolar a cabeça de um Secretário de Estado e ser
imposto a outro pelo Ministro (com uma espécie de jura de segredo até hoje).
A mentira é já um CV sobre o senhor. Achar que precisa
de esconder que não tem qualquer licenciatura é outro.
Há tanta gente boa. Com e sem licenciatura. Com
efectiva capacidade e disponibilidade para trabalhar. Até com vocação política e
com vontade de serviço. É criminoso andarmos a preencher os lugares com gente
desta. E quando me refiro a gente desta incluo os cúmplices deste nojo.
#Escritório
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