Por acaso a voz de Dolores O'Riordan dos Cramberries liga-me directamente àquela fase da vida em que deambulamos entre o sentimental inocente e a fossa («estar na fossa» era um termo muito adolescente e que correspondia a uma depressão artificial e muito curta).
Tinha 16 anos e exibia-me entre o seguro e o frágil, o maduro e o infantil, o estiloso e o nerd. Tudo muito consistente e muito disfarçado, como é próprio.
O «No Need to Argue», dos Cramberries, apanhou-me em cheio. Não era propriamente o álbum e banda de que mais gostava. Mas era um som que nos acompanhava e que eu não desgostava. E era sobretudo muito adolescente.
Tenho ideia até que ouvir «Ode to my family» ou o clássico «Zombie» era uma imposição de actualidade (tipo senha para aceder aos ambientes e às companhias femininas que nos interessavam).
Imagino sempre o crédito que os artistas acumulam ao longo da vida (quantos momentos, quantos encontros, quantas recordações lhes devemos?). Eu, por exemplo, devo a Dolores O'Riordan e à sua voz estas boas saudades da minha inconsistência.
#Saladeestar
#Jardim
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