Não viajo ao ponto de me ser indiferente ou de sentir aversão. Mas passo quase sempre por dois estados de espírito. Antagónicos e sucessivos. Se antes da partida até sinto um estranho desejo de lá estar, em poucos minutos salto para o desejo oposto de me libertar.
Compreendo mal aquela primeira atracção, devo dizer. A banalidade dos cheiros, dos sons e dos avisos. A ansiedade mal resolvida enquanto não se confirma o embarque (acho sempre que perdi o bilhete e que o telemóvel vai ficar sem bateria). A obediência bovina (até porque pouco racional) dos colegas de sorte na fila para o embarque. Nada sugere prazer (bem pelo contrário).
E depois fico sempre com a impressão que por esse mundo fora há um conluio de incompetentes entre os arquitectos e os gestores deste tipo de infra-estruturas. As zonas de embarque hão-de ser sempre exíguas, com bancos a menos e desesperados pelo turno da limpeza. E (qual pormenor de requinte) o pé direito desses espaços de acumulação de pessoas e de impaciência há-de garantir a experiência completa (de abafo e desconforto).
Com honrosas excepções (uma delas, felizmente, é o Porto) é quase sempre assim.
#Saladeestar
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