Hoje Rui Moreira apresenta-se a debate. Já sei
que me dirão que se apresenta e apresentará aos 4 debates com que se
comprometeu há já um mês. E também já sei que é o Presidente da Câmara do Porto
em exercício que participará em mais debates (nunca antes um Presidente se
predispusera a tanto). Não retiro nem questiono estes seus méritos.
Mas ainda assim, eu registo esta primeira ida a
terreiro. Porque não gosto de ver cadeiras vazias. Não gosto de ver todos a participar
em debates (seja na televisão seja noutros fóruns) menos um. É que fica
difícil afastar a ideia de algum excesso de confiança (não se pode dizer
arrogância, porque, de facto, talvez seja excessivo tratando-se de alguém que vai
a 4 debates).
E, já agora, um elogio e uma crítica à campanha
de Rui Moreira.
Tenho seguido e apreciado o modelo de conferências
debates semanais abertos. Não só pelos temas escolhidos mas pelos respectivos
conteúdos e oradores em geral. As campanhas devem servir para mais do que meras
palavras de ordem ou ideias panfletárias. E essas iniciativas têm sido um
excelente exemplo de como se pode e deve fazer campanha com conteúdo.
Diversamente, não sei se acho bem a ausência de
outdoors de campanha. Há os candidatos que têm recursos. E há os que não têm recursos.
Há os que precisam mais. E há os que precisam menos. E haverá – admito – os que
militantemente abdicam desse tipo de «poluição» eleitoral (designadamente por
razões ambientais e de parcimónia financeira).
Eu percebo que os que precisam menos – porque já
gozam de amplo reconhecimento – «despejem» menos outdoors pela cidade. E
percebo que os que precisam mais procurem disseminá-los (grandes ou pequenos,
naturalmente em função dos respectivos recursos).
Já tenho dificuldade em me rever na dispensa
desse tipo de campanha quando não está ligada à escassez de recursos nem a
nenhuma convicção identificável.
Porque o exercício de campanha convencional
(da qual farão parte os outdoors) é também expressão da democracia. Uma mensagem,
como a que passa, do «não preciso disso» sugere-me sempre – lá está – excesso de
confiança e alguma presunção face aos demais candidatos. Eu sei que já
experimentámos o «número» na campanha do actual Presidente da República (quem
mais poderia fazer uma campanha nacional sem sinais externos?). Mas já então
não achei bem. E passa a mensagem de que a democracia se pode e deve fazer sem
grandes custos. Eu acho essa mensagem falaciosa e até perigosa. A democracia
tem custos e essa circunstância não pode nem deve ser estigmatizada.
#Escritório
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