De miúdo sempre ouvi o conselho de que a vida é para pôr a render. De parábola em parábola, de meditação em meditação, ficava-me uma síntese eloquente para a vida: deixa rasto.
Eu percebia o conselho. Era na base do não sejas de meias tintas, compromete-te, serve os outros, deixa uma marca (boa, pressupõe-se).
Não pretendo contrariar estes conselhos que trago de miúdo. E muito menos pretendo inventar uma doutrina barata e forçosamente foleira.
A verdade é que essa coisa do «deixa rasto» é uma miragem para 99,9% das pessoas. E dos 0,1% que deixaram rasto (rasto que se veja, que perdure para lá daqueles com quem conviveram) só uma ínfima parte é que fica a fazer parte do dia-a-dia dos vivos.
E mesmo desta ínfima parte dos 0,1%, a maioria deles perduram não pelo que foram, mas pelo que são.
Não pretendo contrariar estes conselhos que trago de miúdo. E muito menos pretendo inventar uma doutrina barata e forçosamente foleira.
A verdade é que essa coisa do «deixa rasto» é uma miragem para 99,9% das pessoas. E dos 0,1% que deixaram rasto (rasto que se veja, que perdure para lá daqueles com quem conviveram) só uma ínfima parte é que fica a fazer parte do dia-a-dia dos vivos.
E mesmo desta ínfima parte dos 0,1%, a maioria deles perduram não pelo que foram, mas pelo que são.
Querem exemplos?
Aqui no Porto, se falarem em Marechal Gomes da Costa e perguntarem o que é, e onde é, ouvirão sem hesitações qualquer coisa como «é uma avenida ali para os lados de Serralves». Quase ninguém sabe quem foi o dito Marechal. Ou em Lisboa, todos saberão onde é, e o que é, o Saldanha ou a Fontes Pereira de Melo, mas quase ninguém sabe quem foram o Duque de Saldanha ou o Fontes Pereira de Melo.
Os melhores exemplos para mim ainda são os estádios por esse país fora. Tal como as avenidas ou as praças, não temos que dizer «estádio» antes do nome – basta o nome propriamente dito que toda a gente sabe do que estamos a falar. Onde vais? Vou a Barcelos ao Adelino Ribeiro Novo, ou a Aveiro ao Mário Duarte, ou ao saudoso Vidal Pinheiro (este era sempre antecedido de «o velhinho»), ou ao Estoril, ao António Coimbra da Mota (e não puxem por mim que nunca mais saio daqui). Já ninguém sabe quem são tão ilustres personalidades! Mas toda a gente sabe onde são e o que são! Essa é que essa.
Os melhores exemplos para mim ainda são os estádios por esse país fora. Tal como as avenidas ou as praças, não temos que dizer «estádio» antes do nome – basta o nome propriamente dito que toda a gente sabe do que estamos a falar. Onde vais? Vou a Barcelos ao Adelino Ribeiro Novo, ou a Aveiro ao Mário Duarte, ou ao saudoso Vidal Pinheiro (este era sempre antecedido de «o velhinho»), ou ao Estoril, ao António Coimbra da Mota (e não puxem por mim que nunca mais saio daqui). Já ninguém sabe quem são tão ilustres personalidades! Mas toda a gente sabe onde são e o que são! Essa é que essa.
Quanto a mim, mantenho o tal propósito do «deixa rasto». Já percebi que é vã a ambição de uma avenida, uma praça ou um estádio. Um grande pavilhão talvez seja difícil (só ao justo alcance de uma Rosa Mota ou de um Carlos Lopes – e que se não se tratarem ainda acabam demolidos como o Américo de Sá …).
Estou convencido que um Gimnodesportivo estará mais ao meu alcance. Não haverá, previsivelmente, conquistas históricas no meu gimnodesportivo (nem bilhetes de grandes eventos com o nome estampado). Mas já ficaria satisfeito se ouvisse um «gosto muito de ir jogar ao José Maria Montenegro». Ao gimnodesportivo, entenda-se (que o pai, o filho, o advogado ou o que for já ninguém vai saber).
Estou convencido que um Gimnodesportivo estará mais ao meu alcance. Não haverá, previsivelmente, conquistas históricas no meu gimnodesportivo (nem bilhetes de grandes eventos com o nome estampado). Mas já ficaria satisfeito se ouvisse um «gosto muito de ir jogar ao José Maria Montenegro». Ao gimnodesportivo, entenda-se (que o pai, o filho, o advogado ou o que for já ninguém vai saber).
O José Maria Montenegro? Sei perfeitamente. O gimnodesportivo.
#Saladeestar
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