quinta-feira, 13 de julho de 2017

Investigação à minha viagem ao Euro 2016

- Estás nervoso?
- Pá, sinceramente, estou só ansioso. Tenho a certeza que vamos a Paris.
- Vamos mesmo? O País de Gales fez um jogão contra a Bélgica …
- Tenho a certeza. E até devíamos ver como é que é de aviões. O mais importante era tratarmos da ida. O regresso logo se vê.
- És maluco, vamos gastar assim dinheiro, antes de termos a certeza?
- Deixa ver os preços. Olha, para Paris pela Ryanair, no dia 10 de manhã, se comprarmos agora fica por € 70. Arriscamos?
- Estou a sentir a pressão.
- Já agora deixa ver o regresso. Ui, esquece. Só se formos mesmo. O regresso está por quase € 300. Já percorri todas as alternativas.
- Fica à tua responsabilidade. Compramos o bilhete de ida. Se perdermos, foram € 70 (dói, mas não deita um gajo abaixo).
- Não vamos perder. Tenho a certeza. E vamos ser campeões. E vamos estar lá!
- Deus te ouça. Mas e como é que é de bilhetes para o jogo?
- Nem te digo os preços. O mais barato custa só € 300. Quer dizer, há uns a € 80, mas são pouquíssimos e não tenho esperança de os conseguir. Depois só há a € 300, € 600 e € 900.
- Caneco, até dói!
- É isso, vale o caneco. Vais ver.
- Avançamos?
- Avançamos. € 70. Bilhete de avião para Paris já cá canta. Agora eles fazem a outra parte (ganhar ao País de Gales) e só (este só é meio sonso) temos de tratar do bilhete de regresso e do bilhete para o jogo (o tal a € 300 … chiça!).
- Estou aqui a ver, e se há pouco ainda havia 12 lugares no avião de regresso mais barato, agora só há 6. Ainda nos vamos tramar.
- Fazemos assim. Pedimos à Joana (eu falo com ela, que não se importa) que esteja on-line, com tudo seleccionado, durante o jogo. Quando a coisa estiver resolvida em campo ligamos-lhe e é só carregar no «enter». Ela faz-nos isso com gosto.
- Bem pensado.
- Até já estou a sentir a jornada (o aeroporto, a viagem, a cidade, o estádio, o caneco – sim, o caneco, que eu vou lá para o trazer para «o nosso Portugal»).
- (…)
- Liga à Joana!
- Mas ainda faltam 15 minutos para acabar o jogo …
- Já ninguém nos tira da final! Liga à Joana! Ela que carregue no «enter»!
- Pronto. Só em aviões foi uma fortuna. Mas agora vamos mesmo. Ida na madrugada de dia 10. Regresso na madrugada de dia 11. Espero que com o caneco.
- Boa. Agora vou tratar dos bilhetes para o jogo. Vai ser uma bela aventura. E se só conseguirmos os de € 600, vamos na mesma?
- Pá, temos de conseguir os de € 300.
- Eu sei que é uma loucura, mas isto é uma vez na vida. Vamos ser campeões da Europa e nós vamos lá estar!
- Trata mas é dos bilhetes.
- Já estou a tratar. Estou à espera que me confirmem. Mas, entretanto, o Gonçalo (de Londres) e o Manel (de Bruxelas) conseguiram 4 bilhetes cada um pelo site da UEFA. São os de € 300. Dizem que me dispensam 2. Fica já arrumado?
- Claro!
- Fechado!

E assim fomos a Paris.
Sem a Galp, ou a PT, ou o BES, ou a Caixa. Porque não somos membros do Governo. Ou deputados. Ou pseudo VIP’s.
Fomos como adeptos. No meio dos nossos. Como pessoas normais. Que sabem o que custa a entrega. Cada fatia de pizza ou cada cachorro, cada bilhete de metro para chegar e regressar do estádio, cada cerveja. Tudo do próprio bolso.

Não fazem ideia de como a vida sabe muito melhor assim.

E assim foi a minha viagem ao Euro 2016.

#Escritório
#Saladeestar
#Saladejogos

Sem comentários:

Enviar um comentário