- Estás nervoso?
- Pá, sinceramente, estou só ansioso. Tenho a
certeza que vamos a Paris.
- Vamos mesmo? O País de Gales fez um jogão
contra a Bélgica …
- Tenho a certeza. E até devíamos ver como é
que é de aviões. O mais importante era tratarmos da ida. O regresso logo se vê.
- És maluco, vamos gastar assim dinheiro, antes
de termos a certeza?
- Deixa ver os preços. Olha, para Paris pela Ryanair,
no dia 10 de manhã, se comprarmos agora fica por € 70. Arriscamos?
- Estou a sentir a pressão.
- Já agora deixa ver o regresso. Ui, esquece. Só
se formos mesmo. O regresso está por quase € 300. Já percorri todas as
alternativas.
- Fica à tua responsabilidade. Compramos o
bilhete de ida. Se perdermos, foram € 70 (dói, mas não deita um gajo
abaixo).
- Não vamos perder. Tenho a certeza. E vamos
ser campeões. E vamos estar lá!
- Deus te ouça. Mas e como é que é de bilhetes para
o jogo?
- Nem te digo os preços. O mais barato custa só
€ 300. Quer dizer, há uns a € 80, mas são pouquíssimos e não tenho
esperança de os conseguir. Depois só há a € 300, € 600 e € 900.
- Caneco, até dói!
- É isso, vale o caneco. Vais ver.
- Avançamos?
- Avançamos. € 70. Bilhete de avião para
Paris já cá canta. Agora eles fazem a outra parte (ganhar ao País de Gales) e
só (este só é meio sonso) temos de tratar do bilhete de regresso e do bilhete
para o jogo (o tal a € 300 … chiça!).
- Estou aqui a ver, e se há pouco ainda havia
12 lugares no avião de regresso mais barato, agora só há 6. Ainda nos vamos
tramar.
- Fazemos assim. Pedimos à Joana (eu falo com
ela, que não se importa) que esteja on-line, com tudo seleccionado, durante o
jogo. Quando a coisa estiver resolvida em campo ligamos-lhe e é só carregar no
«enter». Ela faz-nos isso com gosto.
- Bem pensado.
- Até já estou a sentir a jornada (o aeroporto,
a viagem, a cidade, o estádio, o caneco – sim, o caneco, que eu vou lá para o
trazer para «o nosso Portugal»).
- (…)
- Liga à Joana!
- Mas ainda faltam 15 minutos para acabar o
jogo …
- Já ninguém nos tira da final! Liga à Joana!
Ela que carregue no «enter»!
- Pronto. Só em aviões foi uma fortuna. Mas agora
vamos mesmo. Ida na madrugada de dia 10. Regresso na madrugada de dia 11.
Espero que com o caneco.
- Boa. Agora vou tratar dos bilhetes para o
jogo. Vai ser uma bela aventura. E se só conseguirmos os de € 600, vamos
na mesma?
- Pá, temos de conseguir os de € 300.
- Eu sei que é uma loucura, mas isto é uma vez
na vida. Vamos ser campeões da Europa e nós vamos lá estar!
- Trata mas é dos bilhetes.
- Já estou a tratar. Estou à espera que me
confirmem. Mas, entretanto, o Gonçalo (de Londres) e o Manel (de Bruxelas)
conseguiram 4 bilhetes cada um pelo site da UEFA. São os de € 300. Dizem
que me dispensam 2. Fica já arrumado?
- Claro!
- Fechado!
E assim fomos a Paris.
Sem a Galp, ou a PT, ou o BES, ou a Caixa. Porque
não somos membros do Governo. Ou deputados. Ou pseudo VIP’s.
Fomos como adeptos. No meio dos nossos. Como
pessoas normais. Que sabem o que custa a entrega. Cada fatia de pizza
ou cada cachorro, cada bilhete de metro para chegar e regressar do estádio, cada cerveja.
Tudo do próprio bolso.
Não fazem ideia de como a vida sabe muito
melhor assim.
E assim foi a minha viagem ao Euro 2016.
#Escritório
#Saladeestar
#Saladejogos
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