terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Tristes tempos

A Sportinguização e Benfiquização (por esta ordem) do meu Porto deixa-me completamente desorientado.

Se a dança de treinadores, de jogadores e de comissionistas é um problema, arrisco dizer que o desnorte nas hierarquias - que passa inclusivamente por saber quem manda e em quem - é um problema ainda maior. Há muito tempo que a autoridade moral não mora no Dragão. Essa lacuna era, apesar de tudo, compensada por algum pudor, alguma afeição ao clube (infelizmente evito as palavras "amor" e "paixão") e alguma disciplina.

A crise de resultados deteriora tudo isso que ainda subsistia. E é vê-los, qual associação de estudantes em crise e cisão, a olhar aos seus interesses pessoais e a lutar pela sua coutada de poder e de influência. Os adeptos não interessam nada. Não lhes interessam nada a não ser na justa medida em que sirvam aqueles interesses pessoais de poder (que é também o das suas contas bancárias e certas imunidades). Por outras palavras, tudo o que justifica a militância dos adeptos - a história, a cultura do clube, a raça, a organização e disciplina irrepreensível, o inconformismo - já não interessa. Já nem conhecem.

Somos umas marionetas com cujas emoções andam a brincar.

Não tenho um programa. Mas qualquer programa tem de começar por um diagnóstico objectivo e desapaixonado. E coragem. Vai ser preciso coragem.

#Saladejogos

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