1. Bem sabemos que hoje os jornalistas, mais do que
mediadores entre as notícias e o público, se especializaram em comentário
político, económico, sociológico e moral. É por isso que não há «notícia» sobre
esta campanha presidencial (e sobre qualquer campanha eleitoral, em boa verdade)
que não comece por desdenhar no sistema político, com recurso a todos ou alguns
dos estafados lugares comuns. Como o da «degradação da classe política», ou o do
«inexistente debate de ideias», do «desinteresse e do afastamento dos cidadãos
face à politica», etc, etc, etc.
2. Nestas eleições presidenciais esta tendência está perigosamente
exacerbada.
3. O menor interesse - que não é bem interesse, é mais
disponibilidade - das pessoas face a esta contenda eleitoral explica-se pela autêntica
overdose por que passaram a 4 de Outubro e no pós 4 de Outubro. Esse período
serviu bem para demonstrar quão falsa é essa história do desinteresse. Sucede
que as pessoas têm vida e querem respirar para lá da tensão política. E estas
eleições presidenciais não vieram nada a calhar.
4. Sobre os candidatos não hesito em afirmar que temos um
razoável rol de candidatos. Aliás, compara muito bem (para melhor) com muitos
outros que o antecederam. Ou acham que Marcelo é pior que Cavaco, que Ferreira
do Amaral ou que Basílio Horta? Ou até que Freitas do Amaral ou Soares Carneiro?
Ou acham que Sampaio da Nóvoa / Maria de Belém comparam mal com Mário Soares aos
80 anos e Manuel Alegre? E podemos também comparar os pequenos. A Marisa Matias
não deve nada ao saudoso Carlos Marques!
5. Não tenho as ilusões de muitos dos meus amigos e por
isso nunca projecto no meu voto os níveis de adesão a roçar os 100%. No dia em
que condicionasse o meu voto a essa identificação dá-me ideia que ou passava
para o clube dos abstencionistas ou votaria sempre em branco. E tenho bem a
noção de quão ingerível se transformaria o sistema. Voto por maior ou menor
aproximação (como quase toda a gente, naturalmente).
6. Desta vez voto Marcelo. Já neste domingo. Nem percebo
essa história de só votar à segunda.
#Escritório
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