segunda-feira, 8 de maio de 2017

Foi assim tão bom o divórcio?

Sempre achei que Rui Moreira talvez não tivesse pensado numa equipa para governar a cidade. Escolheu elementos leais, competentes e coesos, mas talvez sem a abrangência e os atributos que o cumprimento do seu programa pressupunha em caso de vitória, como veio a suceder. E por isso não fiquei surpreendido que dos 3 eixos principais com que se apresentou à cidade – (i) coesão social e habitação, (ii) cultura, (iii) economia e emprego – tenha acabado por entregar dois deles a vereadores de listas concorrentes e concentrado o remanescente em si próprio. Há, claro, o elogio da magnanimidade e da abertura aos concorrentes, mas sobra a dúvida sobre os seus.

Se a triste e inesperada partida do vereador da cultura já tinha dado o sinal de falta de equipa, com o Presidente a chamar a si o pelouro vacante, a curiosa convocatória de Ricardo Valente para o pelouro da economia e emprego (o nome não é bem esse, é «Desenvolvimento Económico e Social») – o homem que o tão criticado Menezes escolhera para a tão crítica e criticada área da economia e finanças – deixou um novo e ainda mais significativo sinal. Agora, com a saída intempestiva, mas inevitável, de Manuel Pizarro, voltamos a assistir àquela sensação inicial de equipa curta e desajustada à missão proposta. Rui Moreira, que já tem a presidência propriamente dita e o emblemático pelouro da cultura, concentra agora o da coesão social e da habitação. Não fora Ricardo Valente ter o da Economia e Emprego (que antes também estava no Presidente), e sobraria a sensação de que para lá de Rui Moreira há «pouco Porto» (e eu, que sei quem são e conheço os demais vereadores, não me parece que tivesse que ser assim).

E uma nota ainda. Para quem é um indefectível de Rui Moreira, para quem avalia muito positivamente o mandato – e naturalmente o cumprimento do eixo «coesão social e habitação social» – é estranho que saúde este divórcio com o PS. É que ele representa, na expressão de Rui Moreira, o inevitável rompimento com «um dos melhores», a quem estava confiado um papel essencial e tão bem cumprido (julgo que será essa a avaliação dos que agora se entusiasmam). Há muito de panfletário neste divórcio. E o entusiamo dos indefectíveis aí está para confirmar o aparente acerto do «investimento». Mas não sei se foi assim tão bom. Foi?

#Escritório

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