Praticamente
desde o início do mandato de Rui Moreira que acho que lhe fez falta uma
oposição consistente, exigente e minimamente escrutinadora. Faz sempre falta a
quem exerce o poder para, justamente, o exercer melhor. E no caso do Porto fez
mais falta porque se gerou um unanimismo que, do meu ponto de vista, ficou
aquém do saudável, por muito que tenha correspondido ao sentimento geral (não
há como negá-lo) e seja mais mérito de Rui Moreira que demérito da oposição.
Ora,
a esta luz o exercício eleitoral com que o PSD se confronta no Porto não é nada
fácil.
Para
quem acha que uma proposta autárquica deve também responder pelo mandato que
termina – e no caso do PSD, é o de um mandato na oposição – não sei bem como se
possa dizer que o ponto de partida não é frágil. Penosamente frágil.
Desde
logo tivemos 3 PSD’s na Câmara do Porto. Um (o independente Ricardo Valente)
termina o mandato ao lado do Presidente, que a dada altura lhe atribuiu um
pelouro relevante (é um facto que eu não sou capaz de criticar). O outro
(Amorim Pereira), foi mais concordante que discordante, e até ficou marcado
pelas discordâncias com o seu colega de lista. Ao terceiro (Ricardo Almeida), a
quem coube assumir as discordâncias e os votos menos alinhados, não se lhe
conhecem propostas ou ideias alternativas (as declarações de voto eram
tendencialmente pautadas pelas dúvidas e não tanto pelas discordâncias). É um
legado difícil aquele que Álvaro Almeida (o candidato que o PSD recrutou) também terá de defender. Eu sugeria
que olhasse aos seus representantes na Assembleia Municipal. Foi aí que se
cumpriu a oposição ou o escrutínio competente e que é tão essencial (repito,
para que o poder seja ele próprio mais competente).
Quanto
à mensagem e ao programa eu apenas recomendaria que não partissem de
pressupostos em que as pessoas não se reconhecem. Podem dizer (e porventura
estarão certos) que se podia ter feito mais e melhor (é uma frase feita que é
sempre indesmentível). Mas não é inteligente começar por dizer que o Porto está
parado, que o emprego está a desaparecer (como se essa análise se devesse
fazer, numa cidade como o Porto, numa lógica estanque e concelhia), que não há
atracção de investimento, no fundo que a cidade está pior ou simplesmente
igual.
Ora
nada disto é verdade. A cidade está transformada. A reabilitação é tsunâmica
(bela palavra que inventei agora mesmo). Houve
uma enorme transformação na dinâmica e até pacificação cultural. Assiste-se a
uma capacidade aceitável para corrigir e transformar pequenos problemas que a
cidade vai conhecendo. A cidade tem-se recriado e aberto a tantos que a
visitam. Há mais oferta pública e privada em muitos domínios. O aeroporto
conhece cada vez mais destinos e companhias, não obstante o desprezo da
companhia de bandeira nacional. A Universidade e os Institutos de investigação
não cessam de crescer e de se afirmar. Há atracção de investimento de
qualidade. Há uma imagem pujante e que potencia a descoberta e revelação do
Porto. É tão óbvio que não é inteligente ignorá-lo.
Mas
há por onde criticar, ou, pelo, menos, há por onde se possa pedir meças ao
actual executivo.
Se
pensarmos nos grandes chavões do Porto de há 4 anos eles continuam aí quase
totalmente disponíveis no terreno: do Bolhão ao Rosa Mota, do Matadouro de
Campanhã ao Parque Oriental, da Estação de Campanhã (o famoso terminal) às Torres do Aleixo ou ao
Bairro Rainha D. Leonor, já para não falar do trânsito em geral. Eu não estou a
dizer que não se fez nada. E sei o muito que se trabalhou O que estou a dizer é
que no terreno pouco ou nada se alterou nestes 4 anos. Haverá razões que o
justifiquem (concursos, alterações de circunstâncias, condicionamentos legais,
etc). E haverá razões para o contrariar.
Eu
quero esse debate. É por aí que eu quero ver Rui Moreira a ser estimulado pelos
seus adversários, a começar pelo PSD.
Para
bem do Porto.
#Escritório
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