Sou muitas vezes confrontado pelos opositores a
Rui Moreira com a pergunta (na boca de quem a faz, pretende ser retórica) sobre
que promessas relevantes Rui Moreira cumpriu. Normalmente a pergunta é feita em
tom acusatório («diga uma!» como celebrizou Manuel Serrão).
Tenho pensado frequentemente nesta pergunta (já
lá irei à resposta). É que a própria pergunta diz muito de quem a faz. Revela quão
reféns estamos ainda do modelo de acção política e autárquica quase exclusivamente
medido em «metros cúbicos de betão» e «quilómetros de alcatrão». E tem o condão
de expor a perspectiva que cada um tem das necessidades actuais e modernas de
uma cidade como o Porto. E – já agora – acaba por ser um interessante barómetro
sobre que competências e que recursos julgam os cidadãos (alguns) que as
autarquias dispõem.
Eu não desprezo nenhuma dimensão da acção
política – declaro-o já, para que me poupem à acusação. Mas para este mandato de
2013-2017 numa cidade razoavelmente infra-estruturada, havia duas áreas que me
preocupavam acima de todas as outras – a social (é inevitável numa cidade com mais
de 30.000 pessoas registadas a residir em bairros sociais) e a economia e
emprego (do meu ponto de vista, o verdadeiro motor da cidade – e mais do que da
cidade, da área metropolitana).
A debandada geral de quadros qualificados para
Lisboa e para o estrangeiro, a carência de novos investimentos, a diminuta
comunidade de estrangeiros, a ausência do Porto no radar de potenciais destinos
de investimentos e, no fundo, a incapacidade de garantir o futuro, era o maior desafio
do Porto nesta fase da sua vida. Especialmente num país de ilógicos instintos
centralistas como o nosso. Porque – e este é o ponto – a dinâmica que a economia
da cidade tiver é a antecâmara das patologias sociais a que tem de fazer face.
E é, depois, a razão para a construção (ou reconstrução) da cidade que, naturalmente,
continua a ser necessária.
Não confundam. Eu próprio estou ansioso com a
recuperação do Bolhão, do Rosa Mota, da estação de Campanhã (e por aí fora). E
sei o que se fez e estará para fazer nesses dossiers emblemáticos. Mas mais
ansioso vivo com a economia da cidade e da região, com a criação de emprego
para os milhares de alunos das nossas prestigiadas faculdades que eu gostaria
(eu e eles!) de manter por cá. Quase egoisticamente falando, dói-me o coração
por cada amigo com quem deixo de poder almoçar ou jantar regularmente porque
«foi trabalhar para Lisboa».
Ora se há «promessa» (não gosto do termo) que
se cumpriu nestes 4 anos foi justamente essa. Poderei resumi-la numa palavra – InvestPorto
– mas talvez seja curto. De repente, começamos a ver novos investimentos no
Porto, abertura de agências, de centros de investigação, de sedes de
plataformas digitais, de empresas tecnológicas. Dirão os mais críticos – ou mais
exigentes – que não é suficiente. Eu respondo com a manifesta inversão do ciclo.
E essa inversão era muito mais difícil do que se possa imaginar. Insistirão os
tais mais críticos que não é mérito da autarquia. Aí eu respondo que não podemos
ter vistas curtas e devemos reconhecer o mérito onde ele também existe. Houve
todo um trabalho dedicado e quase desconhecido. Desse trabalho também fez parte
a dinâmica cultural, a projecção de uma nova imagem, a presença em fóruns de
promoção em mercados que nos interessam. E até a luta (verdadeira luta) para
assegurar ligações aéreas para o nosso aeroporto. Mas houve sobretudo um
trabalho profissional e dedicado para identificar potenciais interessados. A
transformação do Porto numa cidade atractiva é tudo isso. E isso – que não é
pouco – foi magistralmente alcançado numa base consistente e com futuro de esperança.
O próximo mandato tem tudo para ser extraordinário.
Será necessariamente o mandato das obras emblemáticas (tem de ser!). Mas será o
da consolidação desta inversão de ciclo e de atracção do Porto a todos os
níveis. Assim espero.
Ah, a pergunta! Uma promessa cumprida? Não
consigo responder nessa velha lógica.
#Escritório
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