Este artigo do Luís Aguiar-Conraria («E por Lisboa não vai nada, nada, nada?», in Observador) ainda me consegue revoltar. O que é bom sinal. É sinal de que ainda não surtiu em mim o efeito anestésico da habituação. O centralismo doentio (tão bem representado no
artigo) deste nosso pequenito Portugal devia revoltar. A mim revolta. Mas devia
também envergonhar. Envergonhar mesmo.
Eu não sei quantos cidadãos o norte do país
(isolo o norte, mas poderia nomear todo o país para lá da região de Lisboa e Vale
do Tejo) já forneceu aos Governos de Portugal. Não sei quantos deputados já
passaram pela Assembleia da República eleitos pelos círculos do Porto, Braga,
Aveiro, Viana, Vila Real, etc. Não sei também quantos quadros superiores do
Estado e de Empresas Públicas vieram do «Portugal paisagem». O que sei é que não
há quase memória de uma declaração política, com um mínimo de solenidade e
consequência, de algum desses «nossos representantes» sobre este escândalo
nacional. Não há um deputado – seja de que bancada for – que associemos
minimamente a esta causa da urgente inversão do centralismo. Alguém toma as
dores da concentração do Estado todo na capital? O INE, os Supremos Tribunais, o
Tribunal de Contas e o Constitucional, a CMVM, as Autoridades de Concorrência,
as Entidades Reguladoras, e tudo e mais alguma coisa! Alguém já exigiu (já é
caso para exigências) algum destes serviços do Estado central em Coimbra, no
Porto, em Viseu ou Aveiro?
E querem que falemos de investimentos públicos?
Querem que faça a lista dos 20 maiores investimentos dos últimos 10 anos?
Querem saber quantos deles foram realizados no Portugal paisagem?
É caso para perguntar a cada um desses membros do governo e deputados (e são tantos!): por qué te callas?
#Escritório
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