terça-feira, 14 de agosto de 2018

Férias (I)

Há a luta das malas e da acomodação das tralhas no carro. Esse é um clássico anual a que ninguém escapa (espero nunca escapar, que é sinal que continuo a poder ir para fora, a fazer malas e a passear-me por aí!). Mas há outros «clássicos».
Um dos que me tem interpelado – porque é estranho, reincidentemente estranho – é o dos objectos prometidos de férias. Prometidos de férias? Isso, prometidos – prometemos-lhes um amor que depois não lhes devotamos (nunca lhes devotamos!).

Nós sabemos que não lhe vamos tocar. Que não vamos ter qualquer vontade (quanto mais tentação!). Mas insistimos e incluímos no lote (às vezes bem restrito!) dos indispensáveis de férias (ao lado do fato de banho, da saca de higiene e de uma dúzia de peças de roupa).

Para uns é a raquete de ténis (é este ano que vou combinar uns jogos de manhã antes de ir para a praia!). Para outros é o livro clássico do (introduzir um autor qualquer clássico) que tenho de ler de uma vez por todas (vai ser este ano!). Para outros, as sapatilhas (vou mesmo correr ao fim do dia!). Por regra – isso é certo! – é um objecto volumoso e chato de «encaixar» (até o livro tinha de ser de capa dura e de 500 páginas …).
Invariavelmente, o tal livro que temos de ler, a raquete de ténis, as sapatilhas (já agora, viram como ténis é uma coisa e sapatilhas é outra?) lá vão para dentro da mala. E, invariavelmente, o tal livro que temos de ler, a raquete de ténis, as sapatilhas, regressam incólumes dentro da mala. Porque a reserva mental é sempre a mesma.

Eu acho que o objectivo é outro. Não é nem começar a correr, nem jogar ténis, nem ler o tal livro que temos mesmo de ler e que nunca nos apetece. É não nos pesar a consciência! E reconheço que partir de férias com peso na consciência não faz sentido (já chega o resto). Ninguém tem de assumir antes de tempo que não vai jogar ténis, nem correr, nem ler o tal livro que é vergonhoso ainda não ter lido. Eu percebo. E cumpro!, em detrimento do que for preciso. Este ano, por exemplo, deixei para trás umas garrafas de um óptimo vinho sob a promessa – mais uma … – de que «depois compro lá e bebo na mesma». Não bebi, mas parti de consciência tranquila.

#Saladeestar

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