sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Presidenciais

1. Bem sabemos que hoje os jornalistas, mais do que mediadores entre as notícias e o público, se especializaram em comentário político, económico, sociológico e moral. É por isso que não há «notícia» sobre esta campanha presidencial (e sobre qualquer campanha eleitoral, em boa verdade) que não comece por desdenhar no sistema político, com recurso a todos ou alguns dos estafados lugares comuns. Como o da «degradação da classe política», ou o do «inexistente debate de ideias», do «desinteresse e do afastamento dos cidadãos face à politica», etc, etc, etc.

2. Nestas eleições presidenciais esta tendência está perigosamente exacerbada.

3. O menor interesse - que não é bem interesse, é mais disponibilidade - das pessoas face a esta contenda eleitoral explica-se pela autêntica overdose por que passaram a 4 de Outubro e no pós 4 de Outubro. Esse período serviu bem para demonstrar quão falsa é essa história do desinteresse. Sucede que as pessoas têm vida e querem respirar para lá da tensão política. E estas eleições presidenciais não vieram nada a calhar.

4. Sobre os candidatos não hesito em afirmar que temos um razoável rol de candidatos. Aliás, compara muito bem (para melhor) com muitos outros que o antecederam. Ou acham que Marcelo é pior que Cavaco, que Ferreira do Amaral ou que Basílio Horta? Ou até que Freitas do Amaral ou Soares Carneiro? Ou acham que Sampaio da Nóvoa / Maria de Belém comparam mal com Mário Soares aos 80 anos e Manuel Alegre? E podemos também comparar os pequenos. A Marisa Matias não deve nada ao saudoso Carlos Marques!

5. Não tenho as ilusões de muitos dos meus amigos e por isso nunca projecto no meu voto os níveis de adesão a roçar os 100%. No dia em que condicionasse o meu voto a essa identificação dá-me ideia que ou passava para o clube dos abstencionistas ou votaria sempre em branco. E tenho bem a noção de quão ingerível se transformaria o sistema. Voto por maior ou menor aproximação (como quase toda a gente, naturalmente).


6. Desta vez voto Marcelo. Já neste domingo. Nem percebo essa história de só votar à segunda.

#Escritório

Sem comentários:

Enviar um comentário