sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Coitados dos coletes amarelos

Nesta coisa das manifestações e iniciativas políticas (no seu sentido lato) sempre invejei a capacidade de parecer.
 
O maior especialista talvez seja a CGTP / PCP. Mas o BE, ao seu estilo, também cumpre muito bem.
Aquelas manifestações na avenida da liberdade, por exemplo, são um verdadeiro tratado. Alinhamento perfeito. Faixas sustentadas por meia dúzia de manifestantes (logo aí parecem uns 100), umas a seguir às outras sem que ninguém ouse ocupar o espaço entre faixas. Ritmo milimétrico (não vá o espaço entre faixas encurtar ou alongar-se, ao ponto de converter a aparência de 100 na realidade de 6). E no fim o anúncio de um número impressionante de manifestantes que, pela imagens criadas, ninguém tem paciência para discutir.
Também louvo aqueles encontros políticos em espaços bem delimitados, com 20 ou 30 cadeiras distribuídas a regra e esquadro, e bandeiras soltas que valem por 10 pessoas cada uma. Programa devidamente preenchido com declarações, gestos e tom de voz sempre igual (Louçã fez notavelmente escola).

Neste país da difícil militância, da inércia cidadã (desculpem, disse «cidadã» tipo Livre), da sofreguidão por 3 minutos de boas imagens no telejornal acompanhadas de um relato trabalhado entre os camaradas e as redacções (ia dizer quase só camaradas …), há de facto quem «as saiba fazer».
 

Pouco importam os absurdos e as caricaturas. A verdade é que, sem CGTP / PCP, sem BE e afins – no fundo, sem os padrinhos certos – coitados dos coletes amarelos.

#Escritório

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