quarta-feira, 15 de junho de 2016

Cristiano Ronaldo …

Eu compreendo mal (é uma dificuldade minha, seguramente) o desejo de alguns, à primeira oportunidade, desancarem no Cristiano Ronaldo.
De um modo geral todos nós (aqui não distingo os que gostam e os que não simpatizam com o Cristiano), nem nos damos conta da expectativa que lhe reservamos. Já o disse uma vez – «a exigência que lhe impomos vai ao ponto de que quando não marca achamos que ficou aquém e quando marca achamos que cumpriu. Já só abrimos a boca de espanto quando faz um hat-trick (que faz muitas vezes). É assim há mais de uma década. Não me lembro de nenhum jogador a quem exigíssemos tanto. De quem esperássemos tanto.»
E a verdade é que também não me lembro de um jogador que correspondesse tanto.

A propósito do jogo de ontem, e a propósito de jogos como os de ontem (em europeus ou mundiais), lá vem a lenga-lenga de que nunca aparece nestes momentos.
Eu lamento ter de discordar. Lamento mesmo, porque custa-me aceitar tamanha falta de memória. Se me restringir às duas últimas grandes competições – no Brasil há dois anos, e agora em França – se há jogador que correspondeu e a quem devemos a nossa presença é o Cristiano Ronaldo. De repente ninguém se lembra do hat-trick que marcou na Irlanda do Norte, garantindo o único resultado que nos mantinha na qualificação, ou o golo no último minuto na Dinamarca, que nos deu os primeiros 3 pontos depois de uma humilhante derrota em casa com a Albânia. E em ambas as ocasiões não foi um acaso. Quem mais faria aqueles 3 golos na Irlanda do Norte? Quem teria a capacidade de elevação para cabecear aquela bola na Dinamarca? E a esses juntou mais golos. Em jogos a doer, quando tanto precisávamos (ide pesquisar…).

E, já que falam em fases finais, eu lembro-me há 4 anos de quem marcou os golos contra a Holanda que nos garantiram o primeiro lugar na fase de grupos do europeu, e ainda estou a ver aquele golaço de cabeça contra a República Checa que nos conduziu à meia-final. Ou em 2004 (o homem anda nisto há 12 anos, inacreditável!) lá festejámos o golo na meia-final contra a Holanda em Alvalade. Memória. Tudo memória. Mais recente ou mais remota.

Ao Cristiano Ronaldo eu consinto mais do que a qualquer outro jogador, é verdade. Porque já demonstrou que mesmo no mais apagado dos jogos, aparece a marcar ou a dar a marcar.
Ontem, honestamente, nem achei que estivesse muito apagado ou escondido do jogo. Não está na sua melhor forma, como é evidente. Mas vi-o a rematar. Vi-o a ir buscar a bola ao meio-campo. Vi-o a defender e a cortar as bolas nos cantos adversários. E tenho presente aquele centro bem arrancado e medido que só não deu golo do Nani porque a bola esbarrou num misto de sorte e inspiração do guarda-redes islandês.

Há vários anos que lhe anunciam o fim. Que lhe pressagiam e desejam o fim. É provocado e mal tratado em tudo o que é comentadeiros nacionais e internacionais. E invariavelmente, o nosso Cristiano responde dentro de campo (sem que aqueles se retractem num gesto mínimo de pudor).

Eu ao Cristiano só reservo uma palavra. A única justa e ajustada pelo que nos deu e nos continua a dar. Obrigado.

#Saladejogos

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