quarta-feira, 24 de maio de 2017

O PSD e o Porto

Praticamente desde o início do mandato de Rui Moreira que acho que lhe fez falta uma oposição consistente, exigente e minimamente escrutinadora. Faz sempre falta a quem exerce o poder para, justamente, o exercer melhor. E no caso do Porto fez mais falta porque se gerou um unanimismo que, do meu ponto de vista, ficou aquém do saudável, por muito que tenha correspondido ao sentimento geral (não há como negá-lo) e seja mais mérito de Rui Moreira que demérito da oposição.

Ora, a esta luz o exercício eleitoral com que o PSD se confronta no Porto não é nada fácil.
Para quem acha que uma proposta autárquica deve também responder pelo mandato que termina – e no caso do PSD, é o de um mandato na oposição – não sei bem como se possa dizer que o ponto de partida não é frágil. Penosamente frágil.
Desde logo tivemos 3 PSD’s na Câmara do Porto. Um (o independente Ricardo Valente) termina o mandato ao lado do Presidente, que a dada altura lhe atribuiu um pelouro relevante (é um facto que eu não sou capaz de criticar). O outro (Amorim Pereira), foi mais concordante que discordante, e até ficou marcado pelas discordâncias com o seu colega de lista. Ao terceiro (Ricardo Almeida), a quem coube assumir as discordâncias e os votos menos alinhados, não se lhe conhecem propostas ou ideias alternativas (as declarações de voto eram tendencialmente pautadas pelas dúvidas e não tanto pelas discordâncias). É um legado difícil aquele que Álvaro Almeida (o candidato que o PSD recrutou) também terá de defender. Eu sugeria que olhasse aos seus representantes na Assembleia Municipal. Foi aí que se cumpriu a oposição ou o escrutínio competente e que é tão essencial (repito, para que o poder seja ele próprio mais competente).

Quanto à mensagem e ao programa eu apenas recomendaria que não partissem de pressupostos em que as pessoas não se reconhecem. Podem dizer (e porventura estarão certos) que se podia ter feito mais e melhor (é uma frase feita que é sempre indesmentível). Mas não é inteligente começar por dizer que o Porto está parado, que o emprego está a desaparecer (como se essa análise se devesse fazer, numa cidade como o Porto, numa lógica estanque e concelhia), que não há atracção de investimento, no fundo que a cidade está pior ou simplesmente igual.

Ora nada disto é verdade. A cidade está transformada. A reabilitação é tsunâmica (bela palavra que inventei agora mesmo). Houve uma enorme transformação na dinâmica e até pacificação cultural. Assiste-se a uma capacidade aceitável para corrigir e transformar pequenos problemas que a cidade vai conhecendo. A cidade tem-se recriado e aberto a tantos que a visitam. Há mais oferta pública e privada em muitos domínios. O aeroporto conhece cada vez mais destinos e companhias, não obstante o desprezo da companhia de bandeira nacional. A Universidade e os Institutos de investigação não cessam de crescer e de se afirmar. Há atracção de investimento de qualidade. Há uma imagem pujante e que potencia a descoberta e revelação do Porto. É tão óbvio que não é inteligente ignorá-lo.

Mas há por onde criticar, ou, pelo, menos, há por onde se possa pedir meças ao actual executivo.
Se pensarmos nos grandes chavões do Porto de há 4 anos eles continuam aí quase totalmente disponíveis no terreno: do Bolhão ao Rosa Mota, do Matadouro de Campanhã ao Parque Oriental, da Estação de Campanhã (o famoso terminal) às Torres do Aleixo ou ao Bairro Rainha D. Leonor, já para não falar do trânsito em geral. Eu não estou a dizer que não se fez nada. E sei o muito que se trabalhou O que estou a dizer é que no terreno pouco ou nada se alterou nestes 4 anos. Haverá razões que o justifiquem (concursos, alterações de circunstâncias, condicionamentos legais, etc). E haverá razões para o contrariar.
Eu quero esse debate. É por aí que eu quero ver Rui Moreira a ser estimulado pelos seus adversários, a começar pelo PSD.

Para bem do Porto.

#Escritório

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